Dados que ainda serão contabilizados na série histórica mostram a situação das queimadas na tarde desta segunda-feira (5): o satélite Aqua detectou 2.706 focos, sendo 913 (34%) no Amazonas, 725 (27%) no Mato Grosso, 638 (24%) em Rondônia, 227 (8%) no Acre, 197 (7%) no Pará e 6 (0,2%) no Maranhão.
É no Pará que um incêndio resistia há mais de 10 dias em Jacareacanga, no sudoeste do estado. O fogo começou em uma área particular e fugiu do controle, afetando o Refúgio de Vida Silvestre “Rios São Benedito” e “Azul”, chegou ao Onçafari e ao Instituto Raquel Machado, além de provocar a evacuação de pousadas e atingir áreas particulares.
A região atingida pelo fogo fica na divisa do Pará com o Mato Grosso, cerca de 100 km da cidade de Paranaita (MT) às margens do Rio São Benedito, na bacia hidrográfica dos rios Teles Pires e Tapajós, e tem como atrativo o ecoturismo, o turismo de pesca esportiva, além de possuir unidades de conservação, que atrai pesquisadores.
Nos primeiros quatro dias de setembro, a parte brasileira da maior floresta tropical do planeta teve 12.133 queimadas, mais de 70% do que foi registrado no mesmo mês do ano passado, segundo dados do Inpe disponíveis nesta segunda-feira, Dia da Amazônia.
Em setembro de 2021 foram registrados 16.742 focos de incêndio, número significativamente abaixo da média mensal de 32.110 incêndios, entre 1998 e 2021. Em agosto, o bioma teve o maior número de incêndios para o período em 12 anos.
A ONG Observatório do Clima disse nesta segunda-feira que “há pouco a se comemorar” no Dia da Amazônia. A Amazônia “encontra-se sob ataque intenso das forças criminosas que, estimuladas pelo governo federal, vêm promovendo a maior onda de destruição e degradação da floresta em quase duas décadas”.
O desmatamento e os incêndios florestais dispararam sob a gestão do presidente Jair Bolsonaro. Desde que Bolsonaro assumiu a presidência, em janeiro de 2019, o desmatamento médio anual na Amazônia brasileira aumentou 75% em comparação com a década anterior. Especialistas apontam uma relação direta entre os focos de incêndio e o aumento ilegal do desmatamento na Amazônia, já que o fogo costuma ser usado para renovar o solo.
“É hora de fazer uma escolha: ou o país fica com a floresta, ou com o atual presidente. Não dá para ter ambos”, salienta Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.