Fato curioso ocorrido em Marabá na madrugada de domingo (20) revela o quão está fácil roubar gado na Fazenda Mutamba, zona rural de Marabá. Dois bezerros foram encontrados dentro de um automóvel Pálio na Rodovia BR-155. O fato aconteceu durante uma fiscalização de rotina da Polícia Rodoviária Federal (PRF), onde o veículo furou o bloqueio policial. Foi realizada uma perseguição ao veículo suspeito, onde após percorrer cerca de 500 metros do bloqueio policial, o veículo parou, tendo os ocupantes empreendido fuga a pé, adentrando um matagal próximo a “Fazenda Revemar”.
Mas isso não vem de hoje. Por telefone, o proprietário da fazenda, Mauro Mutran, disse que desde o ano de 2006, invasores já roubaram da fazenda dele nada menos de 2.000 reses, 51 carneiros e toda a tropa de animais (cavalos e mulas).
O pior, porém, é que, depois do ataque e destruição da sede da propriedade, dia 23 de julho passado, ele não consegue mais entrar na fazenda. “Quando a gente mete a cara na fazenda, eles (ocupantes da área) metem bala nos nossos funcionários, então não tem como eu conferir nada”, denuncia Mutran, acrescentando que só pode acompanhar de longe os carros entrarem e saírem com gado roubado da fazenda.
Mauro Mutran lamenta a inércia das autoridades, que muito pouco têm feito para impedir o roubo de gado. Enquanto isso, nas vilas Ponta de Pedras e 1º de Março, em São João do Araguaia, que são interligadas à fazenda por meio da Vila Consulta, corre solta a venda de carne de gado em açougues não fiscalizados a preços muitos baratos.
O fazendeiro disse que conferiu pessoalmente na vila Ponta de Pedras a venda de carne proveniente do gado roubado da fazenda dele. Para se ter uma ideia da facilidade com que os criminosos estão agindo, o preço do quilo do filé está sendo vendido a R$8,00 nessas localidades, o que indica ser produto de furto. “Vão acabar com tudo e o Estado não faz nada”, desabafa.
DECA fala sobre o assunto
Ouvido pelo jornal, o delegado Alexandre Nascimento Silva, titular da Delegacia de Conflitos Agrários (DECA), confirmou a reabertura de inquérito policial para apurar os fatos que ocorreram em julho, quando foi destruída a sede da fazenda, o curral, casas de funcionários, os retiros e também máquinas. Além disso, foi realizada diligência no local para perícia e o procedimento está sendo finalizado com oitivas.
Além disso, foi iniciado outro procedimento para investigar a reocupação da fazenda, ocorrida duas semanas depois desses ataques, por integrantes do movimento denominado Frente Nacional de Luta (FNL), que estariam com 340 famílias reivindicando novamente a área da fazenda Mutamba.
Sobre a situação do roubo e furto de gado, ele diz que são ações que estariam ocorrendo, mas não se aponta nomes de suspeitos e tampouco identificação de veículos nos quais o gado estaria sendo retirado da fazenda.
Em relação à segurança no interior da fazenda, o delegado disse que cabe ao proprietário fazer isso, porque nem a Polícia Militar e nem a Civil tem incumbência de policiar propriedade privada. “Não existe possibilidade de patrulhamento em área privada”, explica o policial, acrescentando que a polícia deve promover ações no entorno da fazenda para coibir uma possível prática do roubo de gado, e se for possível fazer um flagrante.
Por outro lado, uma nova operação da Polícia Militar para suporte ao cumprimento de mandados de reintegração de posse em fazendas do sul e sudeste do Pará vai ser realizada em setembro. A informação foi divulgada com exclusividade pelo CORREIO na última edição, de sábado (19). O juiz Amarildo José Mazutti, titular da Vara Agrária de Marabá, esteve semana passada em Belém, na sede do Comando de Missões Especiais (CME), tratando do assunto. (Chagas Filho)
Fonte: Correio de Carajás
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