Um golpe vem sendo aplicado a mulheres grávidas que procuram o Instituo Nacional de Seguro Social (INSS), em Marabá, em busca de salário-maternidade. O benefício é pago aos segurados no caso de nascimento de filho ou de adoção de criança. Na cidade, no entanto, quando encontram barreiras burocráticas para o recebimento, algumas mulheres acabam assediadas por uma mulher que aplica um golpe nelas.
Os golpes se tornaram públicos quando o repórter David Sousa, que já trabalhou em várias emissoras de TV de Marabá, relatou casos em sua página no Facebook, levantando a suspeita de participação de servidores da instituição. O Correio de Carajás conseguiu localizar algumas dessas vítimas. Uma delas relatou com detalhes como foi enganada.
Pedindo para não ser identificada na reportagem, contou ter sido informada no ano passado que teria direito a receber o benefício de uma das filhas, atualmente com cinco anos, uma vez que não o recolheu na época da em que teve a criança. Mãe de duas filhas, ela diz ter telefonado para o INSS e agendado um atendimento no qual compareceu.
Lá, foi informada que havia um problema em relação aos documentos apresentados. “Faltava uma declaração de um lugar que eu havia trabalhado e constava no sistema que ainda trabalhava neste emprego. Achei estranho porque eu já estava trabalhando no Tocantins, em outro estado, com carteira assinada”, informou.
Ainda assim, ela foi atrás da empresa em questão, porém descobriu que esta havia fechado as portas. “Não consegui a declaração porque o local havia fechado, aí eu desisti do procedimento. Algum tempo depois, uma conhecida informou saber que havia uma pessoa dentro do INSS que poderia agilizar o atendimento, sem burocracia e que era ‘negócio certo’”, contou.
A partir disso, ela recebeu o contato de uma mulher, que se identifica como Rosa Cavalcante, e supostamente agia como intermediária entre os usuários e um funcionário. Esta mulher disse à mãe que ela poderia, inclusive, receber salário maternidade de ambas as filhas, mesmo que já tivesse recebido de uma das crianças. “Eu achei estranho porque de uma delas eu recebi, mas ela disse que era para eu cadastrar as duas e que daria certo para receber das duas”. Como pagamento pelo “serviço”, Rosa ficaria com um dos salários para ela e a mãe receberia o outro.
Acontece que, antes de iniciar o processo, a mulher cobrou R$ 200 de cada criança, dinheiro que, conforme ela, seria dado ao servidor dentro do INSS para que priorizasse o processo. “Eu não tinha todo o dinheiro, peguei emprestado R$ 100 de cada, R$ 200 ao todo, e entreguei. Fiquei de dar o restante depois”.
Antes de pagar, diz a vítima, “tudo era flores” no relacionamento entre ela e a suposta intermediária, mas depois a mulher começou a responder mais friamente até que a mãe foi bloqueada do WhatsApp. “Antes de eu pagar ela me tratava super bem, era super prestativa. Depois que dei o dinheiro, comecei a cobrar e começou a chateação. Começou a ser super grosseira, foi ignorante. Dizia que tinha uma fila, que eu tinha que esperar”.
A mãe então desistiu e solicitou que a mulher devolvesse o dinheiro e as cópias de toda a documentação que havia entregue. “Ela me bloqueou do WhatsApp e não devolveu nem o dinheiro e nem as cópias dos documentos. Ela tinha todas as cópias dos meus documentos, pode até estar recebendo esse benefício no meu lugar”. Uma das mulheres identificadas pelo Correio de Carajás forneceu os contatos pelos quais conversava com a mulher, porém não foi possível manter contato com ela.
INSS alerta para a ação de golpistas
Procurada pelo Correio de Carajás, a assessoria de comunicação do INSS em Belém encaminhou nota à Reportagem, alertando aos cidadãos para sempre se manterem atentos contra a atuação de pessoas que se passam por representantes do órgão para oferecer benefícios ou qualquer tipo de serviço previdenciário.
“O INSS não solicita dados pessoais dos seus segurados por e-mail ou telefone e não realiza nenhuma forma de cobrança para prestar o atendimento nem realizar seus serviços. A principal recomendação do INSS para os seus segurados é que não utilizem intermediários para entrar em contato com o Instituto e, em hipótese alguma, depositem qualquer quantia para ter direito a algum benefício previdenciário”, diz o texto.
Para ser atendido, acrescenta, o segurado deve telefonar direto para a Central 135 ou acessar o site inss.gov.br . “Por esses canais o cidadão pode obter informações, fazer denúncias, antecipar serviços e, inclusive, requerer benefícios”.
Salário-maternidade
O salário-maternidade é um benefício pago aos segurados no caso de nascimento de filho ou de adoção de criança. O INSS destaca que é um dos benefícios mais fáceis de se requerer junto ao INSS, porque atualmente é automático e não é mais necessário que a segurada procure uma agência do órgão federal.
“Para requerer o salário-maternidade basta que a futura mamãe ligue no telefone 135 ou acesse o site www.inss.gov.br . Em seguida, ela deve responder ao atendente da Central 135 ou preencher os dados nos campos disponíveis no botão ‘Salário-Maternidade’, na página ‘Meu INSS’ do site. A seguir, os sistemas do INSS realizam uma busca instantânea para identificar se o benefício já pode ser concedido automaticamente”, informa.
Caso não haja a concessão automática do benefício, acrescenta a assessoria de comunicação, a segurada deve aguardar que o INSS faça o ajuste dos dados cadastrais, também sem precisar ir a uma agência e podendo acompanhar o pedido pelo telefone 135 ou diretamente pelo Meu INSS. “O prazo máximo para realização desses ajustes é de até 45 dias”.
Se ainda assim não for concedido o benefício automaticamente devido a outras pendências, a mulher será informada pelo mesmo telefone 135 ou pelo portal “Meu INSS”. “O sistema vai gerar uma pendência, indicando qual a data está marcada para apresentação dos documentos necessários”, finaliza a nota. (Luciana Marschall)
Fonte: Correio de Carajás
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