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Em Marabá já morreram mil cães por causa da Leishmaniose

O mês de maio não terminou, ainda, mas os números de cães que sofreram eutanásia (morte assistida) no Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Marabá em 2017 impressionam. Foram 998 vidas ceifadas apenas nos primeiros cinco meses do ano, segundo dados da coordenação daquele centro. E o responsável direto pela morte rápida e sem dor dos cãezinhos foi a leishmaniose visceral, uma doença que se espalha rapidamente por Marabá e já está em todos os bairros.

Todavia, além dos cães, também sofreram eutanásia nas dependências do CCZ outros 427 animais, entre os quais gatos. O assunto foi amplamente debatido nesta segunda-feira, 29, na Sala de Reuniões da Câmara Municipal de Marabá, com representantes das Secretarias Municipais de Saúde, Meio Ambiente, Sespa e de ONG’s.

Representante da ONG Focinhos Carentes disse que a entidade tem a finalidade de resgate, tratar, castrar e doar animais. Atualmente, eles contam com 100 animais e que a maioria dele é pega com leishmaniose, porque foram abandonados pelos donos.

Nagilvan Amoury, coordenador do CCZ, disse que vem acompanhando desde 2000 as doenças caninas. Pediu para que a Câmara Municipal crie uma lei que limite o número de cães por residência. Também afirmou que a ajudaria como repelente e outros produtos poderiam ser usados para evitar a contaminação.

Disse que em 2012 foram coletadas 164 amostradas e quatro reagentes para leishmaniose e em 2016 foram registradas 4.801 amostras e 1.733 reagentes, representando 47% dos casos de cães infectados.

Ele relatou também os trabalhos desenvolvidos em 2017 e revelou que o número de animais eutanasiados até maio de 2017 chega a 998 cães, com um total de 1.429, dentre todos os animais, entre os quais gatos. “A lei precisa se adequar à realidade de hoje e seria importante reorganizar a legislação municipal, que está bastante defasada”.

Solange Freire, coordenadora de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde, disse que está desde janeiro nesta área e ponderou que é o momento de todos se envolverem para combater a leishmaniose visceral em Marabá. Disse que desconhece que o SUS pague por coleira e alertou que a SMS não tem condições de doar esse material para cada cão da cidade. Disse que será comprado um produto que ajuda a evitar a contaminação, informando que o fumacê não combate o mosquito palha. Sobre a castração de animais, disse que a SMS está discutindo um projeto para que o centro cirúrgico do CCZ funcione, o que será de grande ajuda.

O secretário de Meio Ambiente, Válber Araújo, informou a estrutura que sua secretaria pode dispor e sugeriu iniciar um trabalho por uma área específica, realizando um mutirão de ação de limpeza, lembrando que o mosquito precisa de criadouro. Disse que o poder público tem de envolver a população nas ações e no combate à doença.

Geraldo Pereira Barroso, diretor da Sespa em Marabá, disse que a estrutura tem de ser descentralizada. Disse que Marabá tem apenas 29 agentes de endemias e o teto é para 90. O governo do Estado possui 49 agentes e vai ceder para Marabá, mas observou que é preciso formular um plano urgente entre o município e o Estado. Disse que em 2017 já foram registrados 1.607 casos reagentes em cães, diagnosticados pelo teste rápido de leishmaniose visceral.

A enfermeira Ana Raquel Santos Miranda, coordenadora da Vigilância em Saúde da Sespa, alertou que a questão é mais macro do que se imagina, e que essas doenças são predominantemente ambientais, mas que o ônus recai sobre a saúde, pela doença.

Ela falou que o vetor está no meio ambiente e que o fumacê é uma aspersão que se faz de forma espacial, sendo uma fumaça que teria a função de matar o vetor, mas não possui a eficácia que se acredita que tem. Lembrou que o fumacê vem sendo usado há muitos anos no Brasil e não tem tido o efeito desejado.

Segundo ela, a borrifação que se usa para leishmaniose é a residual, feita nas paredes das casas, devendo ser realizado o controle químico. Reconheceu que Marabá está toda infestada e que não é possível borrifar todas as casas. Por isso, advertiu, é preciso agir nas áreas mais afetadas pela doença, necessitando de uma logística muito bem trabalhada.

A enfermeira também sustentou que é preciso ter uma equipe treinada, com EPI e que se não retirar os criadouros, pode borrifar a vida inteira que não irá ter efeito. Ana Raquel disse ainda que o trabalho tem que ser feito em conjunto e sincronizado e que o controle químico necessário é o intra-domiciliar.

(Divulgação)

Fonte: CT ONLINE



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