Badalado

Notícias

Entregadores e motoristas de app ganham 2 salários mínimos e trabalham mais de 40 h por semana, aponta pesquisa

Maioria desses profissionais no Brasil é homem, com menos de 40 anos e níveis intermediários de escolaridade, revela levantamento inédito do IBGE.

As pessoas que trabalham por meio de plataformas e aplicativos digitais de serviços ganham, em média, dois salários mínimos e têm jornadas acima de 40 horas semanais.

São os motoristas por aplicativo, entregadores e outras pessoas que utilizam apps para prestar seus serviços, tanto gerais (eletricistas e faxineiros, por exemplo), como profissionais (serviços de TI e programação, tradução, redação, design, etc).

Em 2022, o Brasil tinha 1,5 milhão de trabalhadores nesta categoria, o que representa 1,7% da população ocupada no setor privado. O estudo traz o perfil desses profissionais: homem, com idade média entre 25 e 39 anos e morador da região Sudeste.

GANHA MAIS, TRABALHA MAIS – A pesquisa também apontou que, no geral, os chamados trabalhadores “plataformizados” têm um rendimento mensal maior, de R$ 2.645, quando comparado à média salarial das pessoas que trabalham sem utilizar plataformas, de R$ 2.510 (veja o gráfico abaixo).

Apesar disso, os trabalhadores dessa categoria têm jornadas semanais mais extensas: uma média de 46 horas. Os demais profissionais brasileiros costumam trabalhar 39,5 horas por semana.

O levantamento inédito foi divulgado nesta quarta-feira (25) em pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados foram coletados no 4º trimestre de 2022 (veja mais detalhes sobre a metodologia abaixo).

Outros destaques da pesquisa

Do total da população ocupada no Brasil (87,2 milhões de pessoas), 2,1 milhões realizam trabalho por meio de plataformas digitais de serviços ou obtêm clientes e efetuam vendas por meio de plataformas de comércio eletrônico no trabalho principal. Desse total, 1,490 milhão de pessoas trabalham por meio de aplicativos de serviços (1,7%), e 628 mil utilizam plataformas de comércio.
O maior percentual mora no Sudeste, que concentra 57,9% (862 mil pessoas) do total de pessoas que trabalham por meio de aplicativos de serviços.

Na pesquisa do IBGE, os trabalhadores poderiam responder que atuavam em mais de um tipo de aplicativo. Foi constatado que, do total de 1,5 milhão de trabalhadores de plataformas, 52,2% (778 mil) exercem o trabalho principal por meio de aplicativos de transporte de passageiros, em ao menos um dos dois tipos listados (de táxi ou excluindo táxi).

Na distribuição por sexo, o levantamento mostrou que a maioria dos trabalhadores por app são homens (81,3%). Na lista geral de trabalhadores ocupados no Brasil, os homens são 59,1%.

E, enquanto entre os trabalhadores brasileiros em geral, 60,8% contribuíram para instituto de previdência; entre os “plataformizados”, essa porcentagem é de apenas 35,7%.

O rendimento médio real habitualmente recebido pelos trabalhadores por aplicativo é 5,4% maior do que a média salarial das pessoas que não utilizam plataformas para trabalhar.

Isso não acontece, no entanto, com os profissionais de todos os níveis de escolaridade. Entre as pessoas com nível superior completo, o rendimento dos “plataformizados” é 19,2% inferior ao daqueles que não trabalham por meio de aplicativos de serviços.

Na região Sudeste, o rendimento dos trabalhadores convencionais também é maior do que o dos que atuam por meio de aplicativos.
Apesar do rendimento médio mensal maior, no geral, os trabalhadores por aplicativos também têm uma jornada de trabalho habitual 6,5 horas mais extensa do que a dos demais ocupados.

Como foi feito o levantamento

O levantamento do IBGE analisou informações por meio de Acordo de Cooperação Técnica com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o Ministério Público do Trabalho (MPT), com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).

Foram coletados dados do 4º trimestre de 2022, envolvendo a população ocupada de 14 anos ou mais de idade, e foram desconsiderados os empregados no setor público e militares.

A pesquisa levou em consideração o trabalho único ou principal que a pessoa tinha na semana de referência, além de informações como faixa etária, gênero, região e escolaridade.

O objetivo foi compreender melhor o papel das plataformas em relação aos aspectos relevantes do trabalho, investigando a dependência dos trabalhadores quanto ao valor recebido pelo trabalho, além da influência das plataformas na determinação da jornada de trabalho.

As estatísticas são experimentais, ou seja, estão em fase de teste e sob avaliação porque ainda não atingiram um grau completo em termos de cobertura ou metodologia.

Fonte: www.g1.globo.com



Divulgar sua notícia, cadastre aqui!






>