A série Brasil Visto de Cima, realizada em parceria entre a produtora Maria TV e o canal + Globosat, onde é exibida, tratou na última semana sobre Marabá e Serra das Andorinhas, em um programa que foi exibido no sábado e reapresentado nos dias 1º, 5 e 6 de novembro pela Sky. O projeto recebeu um dilúvio de dinheiro do governo federal através da Lei Roaunet.
Em meia hora de programa, dividido em quatro blocos, o ator Caio Blat faz uma narração cheia de parcimônia, enquanto vão exibindo imagens aéreas da cidade (muitas delas se repetem exaustivamente).
Além de as imagens focarem zilhões de vezes a Orla do Rio Tocantins, há pelo menos doze problemas de informação que precisamos levar em consideração.
Para quem nunca teve a oportunidade de assistir, ainda que a fórmula utilizada já seja conhecida dos programas O Mundo Visto do Céu (The World From Above), do canal Discovery HD Theater, e América Vista de Cima (Aerial America), também transmitida pelo canal da Globosat, ver o Brasil a partir de uma outra perspectiva é um atrativo a mais para quem tem curiosidade em conhecer lugares com características tão peculiares quanto distintas entre si.
As imagens foram captadas de um voo de helicóptero, mas o texto que colocaram para Caio Blat ler é que preocupa quem mora na cidade fundada por Francisco Coelho há mais de 100 anos. Claro, alguém dirá que é importante sabermos valorizar aquilo que este gigantesco, belo e contraditório país tem de melhor e mais bonito e que os problemas no texto não são tão grave assim. Então, leitor, tire suas conclusões:
1) O vídeo falou pelo menos duas vezes sobre o ciclo da borracha, colocando-o como o mais importante no crescimento do município, ignorando quem de fato ocupou esse lugar, o ciclo da castanha-do-pará.
2) Sobre os principais cartões postais da cidade, elegeu três igrejas católicas: São Félix de Valois, Catedral Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e Nossa Senhora da Conceição (mas erraram, e falaram Consolação).
3) A ponte sobre o Rio Tocantins foi chamada pelo narrador (pasmen, nunca vi esse nome) de “ponte mista” e ele ainda justifica dizendo que foi “batizada assim” pela comunidade. Deve desconhecer o nome “ponte rodoferroviária).
4) A cidade de Marabá, segundo o Brasil Visto de Cima, está dividida em cinco distritos e os principais são “Velha Marabá, Cidade Nova e Novo Horizonte”. E onde ficam Nova Marabá e São Félix-Morada Nova?
5) Ao falar da biblioteca Orlando da Silva Lobo, na Marabá Pioneira, o narrador Caio Blat afirma que a personalidade que dá nome ao prédio foi “o mais célebre barqueiro dessas bandas do Rio Tocantins”. Com todo respeito a Orlando Lobo – que viveu grande parte de sua vida cuidando do “Bar do Orlando” – havia grandes pilotos nos rios que banham a cidade, mas ele não está nesta lista.
7) Ao exibir imagens da Praça Duque de Caxias, o narrador conta que aos finais de semana ela abriga uma tradicional feira de artesanato e que entre as barracas mais concorridas está a de tacacá. Primeiro, a feira não é tradicional assim. Precisa e deve se tornar. Segundo, barraca de tacacá como a mais concorrida? Menos, menos.
8) A Colônia de Pescadores Z-30, na visão dos editores do especial, é a única desse tipo al longo do Rio Tocantins. Então eles desconhecem a Colônia de Itupiranga, Tucuruí, São João, entre tantos outros municípios que também têm uma associação de pescadores nesses moldes.
9) Outra denominação inexplicável repousa sobre o nosso querido Bambuzal. No documentário aéreo sobre Marabá, os editores dizem que ele é mais conhecido na cidade como “Túnel Verde”.
10) Com problema de geografia e localização, o vídeo afirma que “à direita do túnel verde está localizada a Fundação Casa da Cultura”. É preciso alertar que a FCCM fica a pelo menos 5 km do bambuzal e nada de “à direita do túnel verde”.
(Ulisses Pompeu)
Fonte: CT ONLINE
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