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Folha 33 segue esquecida

A Folha 33, uma das mais antigas da Nova Marabá, cresceu, mas nunca se desenvolveu. Nem mesmo quando chegaram o comércio, a escola, as igrejas e o posto de saúde. Aos poucos, o terreno que era uma grande invasão alagadiça foi tomando forma de bairro e os mais de 10 mil moradores que hoje residem no local foram se instalando e construindo suas casas.

Embora já tenha passado dos 30, a comunidade que nela reside ainda vive praticamente isolada do restante do núcleo. Por mais que o bairro seja considerado um dos mais bem localizados, e esteja às margens de uma das mais importantes rodovias federais do país, a BR-230, permanece esquecido e separado do restante da cidade, como se dela fosse um apêndice.

Sai ano entra ano, a Folha 33 segue cumprindo sua sina de lugar esquecido pelas incontáveis gestões municipais que já passaram por ela e que resolveram, simplesmente, dar de ombros para o local, sempre repetindo o mantra de que se tratava de uma área alagadiça e imprópria para a implantação de uma comunidade sólida.

Ouvidos pelo Jornal CORREIO, que se instalou naquela folha em fevereiro de 2015, moradores criticaram a falta de infraestrutura no local e ainda acusaram a associação de moradores do bairro de não trabalhar em prol da comunidade. “A associação não presta não; nunca vi eles fazerem nada”, desabafou Raimundo Alves de Souza, 63, que mora há mais de 30 no bairro.

Ele reclama que o local necessita de mais postos de saúde, escolas e pavimentação. “Esse [bairro] nunca teve apoio da prefeitura. Eles fizeram asfalto tem mais ou menos um ano e olha o estado. E olha que essa rua está boa. Você tem que ver a outra aqui atrás que está bem pior”, afirma, apontando para a rua cheia de falhas.

Raimundo disse ainda que, embora o bairro tenha anos de existência, a imagem de comunidade marginalizada persiste até os dias atuais. “Gente que não conhece aqui, nem quer entrar. A gente vem de mototaxi e, às vezes, eles não querem descer para deixar a gente na porta de casa, por medo”, afirmou.

Outro morador, Israel Moraes, que mora no bairro desde o seu surgimento, destacou que é necessária a construção de mais escolas e creches no local. Segundo ele, a Folha 33 tem um território muito grande e é perigoso fazer com que as crianças da comunidade estudem em outros núcleos da cidade.

“Eu mesmo tenho uma netinha, de 11 anos, que tem que ir lá para cima para estudar e eu fico preocupado quando ela vai para lá”, comenta, lembrando que a folha já elegeu três vereadores. “Mas eles nunca fizeram nada para mudar essa situação de abandono”, reitera.

Raimundo e Israel disseram que não procuram a associação de moradores porque, segundo eles, a entidade nunca fez nada pela comunidade. “O certo seria que o presidente da instituição procurasse os moradores para mostrar propostas e associa-los. Eu passo lá na frente, ouço falar em associação, mas nunca vejo ninguém por lá”, relatou Israel.

Questionados sobre a falta articulação da própria comunidade, os moradores disseram que na gestão passada chegaram a se unir, bloqueando a BR-230, para que fosse construída uma passarela que ligasse a Folha 33 ao restante da Nova Marabá. “Infelizmente, nada foi feito”, diz Raimundo.

A reportagem do CORREIO chegou a procurar a presidente da associação, tanto na sede da instituição quanto por telefone para ouvi-la sobre as reclamações dos moradores e sobre o que a intuição tem feito pelo bairro. Contudo, ela não foi encontrada.

Defesa

Procurado pelo Jornal, o secretário de planejamento do município, Karam El Hajjar, falou sobre o planejamento da gestão atual para a Folha 33. Segundo ele, projetos para o bairro serão tratados pela nova gestão apenas no Plano Plurianual (PPA). “Em que vai ser definido todo o planejamento dos próximos quatro anos do município, em obras, ações e índices de controle”, confirmou. Ele disse que a medida terá início ainda em abril e vai envolver todas as secretarias, seguindo um cronograma pré-definido.

O secretário ainda disse que há uma previsão para a Folha 33 seja enquadrada como zona especial de interesse social (áreas demarcadas para assentamentos habitacionais destinadas à população de baixa renda) no plano diretor da cidade. “Mas não tenha dúvidas que esses bairros serão contemplados com as ações do governo, daqui para o fim do ano e nos próximos três anos de mandato”, confirmou.

(Nathália Viegas com informações de Josseli Carvalho)

Fonte: CT ONLINE



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