Todos os anos, durante o período que antecede o Carnaval, a Rede Globo exibe durante sua programação diária as vinhetas com a Globeleza dançando. Mas, este ano, uma diferença chamou a atenção dos telespectadores: ao contrário das edições passadas, a modelo não está nua.
A Globeleza sempre apareceu dançando nua, apenas com o corpo pintado com purpurina colorida. No último ano, a revista “Azmina – para mulheres de A a Z” levantou polêmica ao exibir um vídeo da Globeleza para a população de Nova Orleans, nos Estados Unidos, que tem um dos carnavais mais famosos do mundo.
Enquanto algumas pessoas acharam engraçado, outras se incomodaram com a sexualização do corpo feminino, especialmente por ser uma mulher negra. Para muitos, seria uma forma de usar o sexo para vender o Carnaval e que mulheres não deveriam aparecer nuas dançando na TV.
O vídeo da Globeleza foi considerado machista, o que é preocupante especialmente porque o número de feminicídio no País é alarmante e, entre as mulheres negras, a taxa chega a ser ainda mais alta, com um aumento de 54% nos últimos 10 anos, segundo estudo divulgado pela ONU Mulheres em 2015. A exposição do corpo feminino nu em rede nacional só contribuiria para que as mulheres, especialmente as negras, como sempre foi o caso da Globeleza, sejam vistas apenas como objetos sexuais.
A Globo nunca se posicionou a respeito das críticas, mas a nova vinheta para o Carnaval 2017 veio com algumas mudanças nesse sentido. A dançarina não aparece mais nua e, sim, vestida com diferentes trajes típicos do Carnaval pelo Brasil, dançando ao lado de outras pessoas de diferentes etnias. Além disso, o vídeo mostra a diversidade da festa, que não tem só samba, mas também frevo, axé, maracatu e outros ritmos.
Assista ao vídeo com a vinheta:
A estrela do novo vídeo é Erika Moura, que está desde 2015 no posto de Globeleza. Ela foi escolhida pela emissora, que procurou meninas nas quadras das escolas de samba do Rio, de São Paulo e de outras cidades.
A Globeleza mais famosa foi Valéria Valenssa, que ficou por muitos anos na função, até ser substituída por Nayara Justino, que venceu um concurso promovido pelo “Fantástico”. Foi com Nayara Justino também que a Globo enfrentou a maior polêmica da história da Globeleza. A modelo virou destaque na imprensa internacional após o tradicional jornal britânico The Guardian transformar a história da modelo em documentário.
Em suas redes sociais, após a vinheta ir ao ar na Globo, a modelo recebeu ataques racistas por “ser negra demais”. Para a reportagem, ela conta que foi demitida do cargo e substituída por Erika, sem voto popular. “No meu Facebook entrava muita gente para me xingar. A parte do racismo foi a parte que mais me machucou. O racismo não veio só dos brancos, mas dos negros também. Vieram me comunicar: ‘Nayara, você não vai ser mais [Globeleza], obrigada, adoramos a sua participação’. Erika ocupa o posto desde então.
Na Internet, muita gente comentou as mudanças. Para alguns, foi o fim de uma tradição; mas, para a maioria, foi um avanço em relação à objetificação do corpo feminino. Veja alguns comentários:
Fonte: www.mdemulher.abril.com.br
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