Matinta Perera, Nego D’água, Buiuna, Porca de Bobes, Mulher de Branco, Saci Pererê e Boto são as personagens do folclore regional que deram um colorido especial à Sala das Lendas do Museu Francisco Coelho, inaugurada nesta terça-feira, 12 de outubro, Dia das Crianças.
Para o evento, foi organizada uma grande festa popular, com apoio da Cia. de Artes da Fundação Casa da Cultura, jovens da Banda de Música Moisés Araújo e apoio do Mestre Zé Rodrigues, o Zé do Boi, que levou sua trupe para dar vida ao Marabazim, o Boi Bumbá exclusivo da Sala das Lendas, mas que vai percorrer espaços internos e externos para apresentações em algumas datas do ano.
O Museu Municipal é administrado pela Fundação Casa da Cultura de Marabá, que convidou vários profissionais de Marabá para ajudar na elaboração do projeto da Sala das Lendas. O artista plástico Bino Sousa pintou as paredes, o piso e redesenhou as principais lendas.
Outro grupo ficou responsável por providenciar elementos que dessem à sala um tom de suspense e medo. Estão presentes no espaço informações sobre cada lenda, além da ajudinha dos guias. “Tivemos uma grande festa da popular nesta terça-feira, que resgata e fortalece uma parte da identidade da cultura de Marabá. Famílias, estudantes e demais visitantes do Museu Municipal terão nesta sala um lugar para imersão na nossa história, na nossa tradição”, diz a presidente da FCCM, Vanda Américo.
“A inauguração da Sala das Lendas mostra a importância dessa manifestação cultural para nossa cidade, achamos que tudo isso devia fazer parte do nosso universo e como inauguramos o museu num momento de pandemia, então esperamos um pouco para inaugurar a Sala de Lendas pois, nós marabaenses, nos reconhecemos, criamos uma identidade com elas, sendo um traço importante da nossa cultura popular”, argumenta Wânia Gomes, diretora do Museu Francisco Coelho.
Ainda sobre o Boi Marabazim, Wânia explica que ele representa uma homenagem aos mestres Cambraia e Palmica, que trouxeram para Marabá a tradição da festa do boi-bumbá. “É uma homenagem aos grandes mestres que marcaram nossa cultura. É primeira apresentação do Marabazim, que saiu da sala para se apresentar para a população marabaense e depois volta ao seu lugar na Sala das Lendas”, diz Wânia, que batizou o boi com o nome tão oportuno.
Ester de Sousa Lima, 11 anos, fez questão de acordar cedo e ir ao Museu para conhecer a nova sala, pois gosta das histórias das lendas, que já ouviu sua mãe, Elitânia Sousa, contar várias vezes. “Quando eu entrei, fiquei muito assustada com aquela voz dando gargalhada tenebrosa. A fumaça que colocam junto com as lendas também parece que a gente tá no meio da mata”, resume a visitante, estudante do 5º ano do Ensino Fundamental, que se apaixonou pelo boneco da Matinta Perera.
A funcionária pública Delma Rodrigues da Cruz também acompanhou a inauguração. “Aqui está maravilhoso, precisávamos disso e o que mais me chamou a atenção foi o folclore, porque meu filho ao ver essa festa já identificou cada uma das lendas porque aprendeu na escola”, comemora.
Abaixo, leia a toada do Boi Marabazim, composta pelo músico Jorginho Ropha Carneiro:
TOADA DO MARABAZIM
Sou feito de pano, camurça macio, bordado de estrelas, sou todo carinho.
Desse jeitinho é o Marabazim.
Nasci do banzeiro que bateu de dois rios, no pontão de areia de estrelas na testa, balançando a cabeça, trago um desafio.
Vem brincar nesse boi, cantarolando as toadas, só quero que entendas, não vá se assombrar, que hoje é noite de lendas.
Porca de Bobes de mãos dadas com a Boiuna.
Mulher de Branco, Curupira, Nego D’água.
Eu ouvi um assovio lá na beira, era o Boto cortejando a Lua Cheia, e do seu lado Matinta Perera.
Vai dar uma volta na praça e alegrar a galera,
que o povo te espera com todo o carinho.
É desse jeitinho,
É o Marabazim!