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Ligação de Bolsonaro para irmãos de petista assassinado pode virar ‘grande erro político’, avaliam aliados do presidente

O presidente Jair Bolsonaro ligou na terça-feira (12) para dois irmãos de Marcelo Arruda, tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu, morto a tiros por um militante bolsonarista durante sua festa de aniversário. Os irmãos de Marcelo apoiam o presidente, que tentou, na ligação, construir junto com os familiares do ex-tesoureiro uma narrativa de que não houve violência política. Para aliados de Bolsonaro, o presidente fez uma jogada de alto risco, que pode se transformar num “grande erro político”.

Integrantes do comando da campanha de Bolsonaro à reeleição alertaram que ele vai ser criticado por estimular uma divisão na família. O presidente não ligou nem para o filho nem para a viúva de Marcelo.

A ligação foi articulada pelo presidente com o deputado Otoni de Paula (MDB-RJ). A operação não era de conhecimento da equipe presidencial e do comitê de campanha. O parlamentar foi até Foz do Iguaçu depois de receber a informação de que dois irmãos de Marcelo Arruda, José e Luiz Arruda, são apoiadores de Bolsonaro.

Na ligação, o presidente também convidou os irmãos de Marcelo para participarem de uma entrevista em Brasília, nesta semana. Bolsonaro busca atenuar o desgaste em sua imagem causado pelo assassinato do petista. Ele também quer propagar que não apoia a violência.

“Foi uma jogada de alto risco, porque os irmãos, mesmo sendo bolsonaristas, podem não querer desrespeitar a memória do irmão assassinado”, disse um interlocutor do presidente ao blog.

A festa de aniversário de Marcelo, realizada num salão de Foz do Iguaçu, tinha como tema de decoração o PT e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo o boletim de ocorrência, o militante bolsonarista Jorge Guaranho, que é policial penal, se aproximou do local e gritou palavras de ordem, como: “Aqui é Bolsonaro”. Em determinado momento, atirou com um revólver. Marcelo, que também tinha uma arma, disparou de volta. Guaranho está internado em estado grave.

Divisão da família

Esse interlocutor aponta ainda outro receio da campanha bolsonarista. O presidente se expõe ao risco passar uma imagem contrária à que busca difundir, de que é um defensor da família. Isso porque a oposição vai explorar que o presidente busca dividir uma família num momento delicado e difícil.

A conversa de Bolsonaro com os irmãos de Marcelo, por meio de chamada de vídeo, acabou sendo gravada e distribuída nas redes sociais bolsonaristas.

O presidente lamenta a morte do petista, mas acusa a esquerda de politizar o crime. Em seguida, convida os irmãos para participarem de entrevista em Brasília para “mostrar o que aconteceu”.

Só que, segundo a viúva de Marcelo Arruda, Pâmela Suellen Silva, os irmãos não podem dizer o que aconteceu no local, porque eles não estavam lá.

Fonte: g1.globo.com



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