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Lula viaja à China com comércio, guerra da Ucrânia e formação de alianças na pauta

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarcou por volta das 7h30 nesta terça-feira (11) em Brasília com destino à China.

Inicialmente, a visita do petista ao país asiático seria no fim de março, mas Lula foi diagnosticado com uma pneumonia e, por orientação médica, remarcou a viagem.

Na Ásia, Lula tratará principalmente da relação comercial com a China, maior parceiro de negócios do Brasil, mas também da guerra entre Rússia e Ucrânia e de questões de governança global.

Na China, o petista participará da cerimônia de posse da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) como presidente do banco do Brics – bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Ele também se reunirá com o presidente Xi Jinping, lideranças políticas e empresários. Na volta fará uma parada nos Emirados Árabes Unidos (veja detalhes da programação mais abaixo nesta reportagem).

A comitiva de Lula será composta pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e pelos ministros:

  • Fernando Haddad (Fazenda)
  • Marina Silva (Meio Ambiente)
  • Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária)
  • Luciana Santos (Ciência e Tecnologia)
  • Mauro Vieira (Relações Exteriores)
  • Alexandre Silveira (Minas e Energia)
  • Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário)
  • Wellington Dias (Desenvolvimento Social)
  • Margareth Menezes (Cultura)

A delegação brasileira também será integrada pelos governadores da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT); do Ceará, Elmano de Freitas (PT); do Maranhão, Carlos Brandão (PSB); do Pará, Helder Barbalho (MDB); e do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT).

Deputados também vão embarcar com o presidente. Ao todo, serão 40 autoridades (veja a lista).

Convidado para a visita pelo presidente chinês, Xi Jinping, Lula tem uma pauta bem definida: defender as relações já construídas com o maior parceiro comercial do Brasil e, eventualmente, ampliar a lista de produtos brasileiros para venda no gigante asiático.

Ao mesmo tempo, Lula busca a consolidação da estratégia da política externa do governo. Ao vencer as eleições, no discurso da vitória, Lula dedicou grande parte do tempo para falar das relações internacionais e que uma de suas prioridades seria “recolocar o Brasil no mundo”.

Lula pretende fazer um contraponto ao antecessor, Jair Bolsonaro (PL), que, na avaliação do petista, isolou o Brasil no cenário internacional.

Dos três maiores parceiros comerciais do Brasil, Lula já havia visitado Estados Unidos (2º) e Argentina (3º).

Em busca de reaproximação, Lula também recebeu o chanceler alemão, Olaf Scholz, em Brasília, e foi ao Uruguai.

Posse de Dilma no Banco dos Brics

Lula deve desembarcar em Xangai nesta quarta-feira (12). No dia seguinte, quinta-feira (13), ele participa da cerimônia de posse de Dilma Rousseff como presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), o banco do Brics.

Ainda em Xangai, o petista se reunirá com empresários e viajará à noite para Pequim, capital da China.

Conversa com Xi Jinping

De acordo com o Palácio do Planalto, Lula e o presidente chinês vão se encontrar na sexta-feira (14).

O petista e Xi Jinping devem tratar de temas que vão desde a guerra entre Rússia e Ucrânia e questões comerciais, de governança global, até a promoção de produtos brasileiros no mercado chinês.

Apesar de o Brasil não estar diretamente envolvido no conflito no leste europeu, Lula já disse publicamente que conversará o presidente chinês sobre o papel do país asiático na resolução da guerra.

O presidente brasileiro quer que o país asiático seja um dos líderes de um grupo de países para buscar uma saída diplomática para a guerra entre os dois países.

Lula tem dito que o presidente russo, Vladimir Putin “não pode ficar com o terreno” invadido na Ucrânia, mas que “talvez nem se discuta a Crimeia”, uma das regiões ucranianas invadidas pela Rússia.

Em uma rede social, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia, Oleg Nikolenko, afirmou que o país agradece os “esforços” do presidente Lula para tentar pôr fim à guerra na região, mas que o país não cederá “um centímetro” de terra à Rússia.

No cenário internacional, a viagem de Lula ainda coloca o governo brasileiro no centro da disputa entre China e Estados Unidos.

Os EUA, no entanto, têm tido dificuldade em apresentar uma alternativa às propostas chinesas, com presença forte no agronegócio e investimentos em energia e infraestrutura no Brasil.

Depois de anos de relações mornas resultantes de ruídos causados pelo governo Bolsonaro tanto com americanos quanto com chineses, o Brasil vai se consolidando como a nova trincheira da disputa de influência e poder entre Estados Unidos e China.

As duas superpotências vivem um momento tenso em sua competição econômica e política, com troca de acusações de espionagem e difamação que ameaçam descambar para um conflito militar em Taiwan — que a China vê como seu território e que os EUA encaram como independente.

Além do encontro com Xi Jinping, na sexta-feira Lula participará de um jantar com o presidente chinês e de reuniões com Zhao Leji, presidente da Assembleia Popular Nacional, no Grande Palácio do Povo; e com o primeiro-ministro Li Qiang.

O petista também tem o desafio de desatar nós na relação, herdados da gestão de Jair Bolsonaro. Em seus anos de mandato, o ex-presidente alinhou-se irrestritamente ao colega americano Donald Trump e fez reiteradas críticas ao regime chinês — até mesmo no comércio de vacinas contra a Covid-19.

Parada em Abu Dhabi

Na viagem de volta para o Brasil, Lula fará uma parada nos Emirados Árabes Unidos.

Ele deve se reunir com lideranças locais em Abu Dhabi, capital do país árabe, no sábado (15).

Fonte: g1.globo.com



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