Novamente, em menos de 60 dias, os funcionários das empresas Nasson Tur Ltda. e TCA Transportes Coletivos de Anápolis Ltda. paralisaram as atividades nesta segunda-feira (20). E desta vez, sem data definida para retomar o transporte coletivo na cidade. No primeiro dia de greve, nenhum veículo circulou pela cidade, deixando paradas cheias e usuários chateados. Quem pôde, tomou um transporte alternativo. Já quem foi pego desprevenido e só usa vale-transporte teve que se virar para chegar ao trabalho ou compromisso.
Segundo Oséias Brandão, diretor do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Transporte de Passageiros, Interestaduais, Intermunicipais, Urbanos, Cargas, Locadoras e Comércio do Sul e Sudeste do Pará, o Sintrarsul, atualmente há trabalhadores com salários e tickets atrasados, além de planos de saúde cortados.
No último mês, houve paralisação semelhante. Segundo o diretor, na ocasião, os responsáveis pelas empresas informaram que regularizariam a situação, o que acabou não ocorrendo e irritou os trabalhadores.
“A categoria acreditou nas últimas propostas que fizeram para eles e a promessa era para ser cumprida em 20 dias. Já passaram mais de 30 e nada. Tem gente com três cestas básicas em atraso, outras tem duas, com pagamento e vale atrasado. Está saturado e o trabalhador achou por bem paralisar, nós, como sindicato, achamos por bem apoiá-los”, declarou.
Ainda segundo ele, enquanto os funcionários decidirem permanecer de braços cruzados a entidade continuaria apoiando a decisão. Até o momento em que o Correio de Carajás conversou com o diretor, o sindicato ainda não havia sido procurado pelas empresas.
“Até então não recebemos proposta, nenhum de nós foi procurado, inclusive estamos aqui esperando uma proposta que seja ao menos favorável ao trabalhador. Ninguém quer greve até porque não é favorável ou seguro para ninguém, mas é a ferramenta que o trabalhador tem e ele já cansou de promessa não cumprida”.
Ele ainda se desculpou com os usuários do sistema. “Pedimos até desculpas à população porque acontece pela segunda vez em menos de 60 dias, mas não temos culpa”.
Por fim, questionou as autoridades acerca da situação. “O Poder Público de forma geral se preocupa muito em restabelecer o transporte coletivo, mas eu pergunto para as próprias autoridades e que se preocupam com o transporte público por que não ter uma preocupação com essas pessoas que também fazem parte da sociedade e não recebem salários em dia? Elas têm compromissos”, sustenta.
Usuários
O autônomo Italo Silva foi um dos usuários prejudicados com a falta de coletivos na cidade ao longo desta segunda-feira. “É uma completa falta de respeito com a população. A cidade já tem ônibus em número suficiente para atender a demanda e agora, com a greve, quem quer chegar no trabalho, por exemplo, acaba sendo prejudicado e se quiser tem que apelar para o serviço de taxi-lotação ou mototaxi, que é mais caro, sem contar com os clandestinos. Aí, eu pergunto: e quem não tem dinheiro para pagar como faz?”, questiona. “Alguém tem que tomar alguma providência, uma atitude. As autoridades não fazem nada”, reitera.
Embora não anda com frequência em coletivos, Mônica da Silva Araújo, ficou indignada ao saber, tão logo chegou na parada, que motoristas e cobradores haviam entrado em greve. “Todo muito sofre com isso. Fico pensando nos cadeirantes, idosos, mães que estão querendo levar o filho pra vacinar nesse período agora de vacinação, como é que fica? A população não pode ser penalizada, mas acaba pagando o pato”, declarou.
Segundo o gerente das empresas, João Martins, os funcionários foram informados por aplicativo de troca de mensagens que haveria atraso salarial, acrescentando que eles receberam uma planilha com as datas em que ocorreriam os pagamentos atrasados, o que foi acordado com a entidade de classe. Afirmou, ainda, que é [apenas] uma minoria de trabalhadores que está paralisando as atividades. (Luciana Marschall com informações de Josseli Carvalho)
Fonte: Correio de Carajás
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