Os prejuízos da enchente vão além de perder móveis e eletrodomésticos para alguns moradores de áreas alagadiças em Marabá. O operador de caldeiras, Delano Alencar, por exemplo, perdeu algumas aves que criava para uma enorme sucuri, que vez em outra surgia para “fazer uma boquinha” no quintal.
A cobra não teve tanta sorte na manhã desta segunda-feira (22), quando acabou capturada, antes que pudesse fazer a refeição. O próprio Delano foi quem a deteve, no quintal, na Rua Benjamin Constant, no Núcleo Marabá Pioneira.
O Correio de Carajás, em conversa por telefone com o operador de caldeiras, descobriu que essa situação ocorre com frequência durante as cheias dos rios Itacaiunas e Tocantins. “Eu crio algumas galinhas para que não deixem o quintal encher de mato, mas toda vez que o rio enche uma [cobra] aparece para fazer visita”, relata.
Desta vez, Delano deu por falta de duas galinhas e ao procurar encontrou a responsável pelo sumiço das aves. Ele não se intimidou pelo animal selvagem, capturando-o com maestria. “Não podemos ter esse prejuízo, não! O frango tá caro”, brinca o operador de caldeiras.
Ele guardou a serpente em uma caixa d’água e acionou o Corpo de Bombeiros via Núcleo Integrado de Operações (Niop). No entanto, a equipe demorou a atender o caso, o que levou Delano a decidir soltar o animal na área alagada do Bambuzal – principal via de acesso à Marabá Pioneira. “Se soltar ela por aqui amanhã está de volta, para tomar café da manhã de novo”, brinca.
Alencar é consciente e não matou a cobra, atitude considerada admirável tendo em vista que em outras situações semelhantes o ser humano prefere acabar com a vida do animal. “Não tem por quê fazermos isso”, defende.
ENCANTADOR DE SERPENTES?
Essa não é a primeira vez que Delano captura uma cobra. Ele relembrou ao Correio de Carajás, pelo menos duas situações em que precisou agir com a coragem – que poucos têm.
Na enchente de 2017, uma serpente apareceu no bambuzal da Marabá Pioneira e a própria população o chamou para ajudar a equipe do Corpo de Bombeiros a resgatá-la.
A segunda vez foi na enchente de 2019, em situação igual a desta segunda-feira. A sucuri apareceu para “papar” uma das galinhas, no quintal, mas foi pega por Delano e solta em outra área.
Ao ser questionado sobre as habilidades para a captura, Delano diz apenas não ter medo. “Já vi na televisão alguns profissionais do meio ambiente manipulando serpentes e aprendi um pouco”, revela.
Aos que não possuem a mesma coragem que Delano, a recomendação é acionar o Corpo de Bombeiros pelo 190 ou a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), pelo 3323-0571 ou pelo celular (94) 99233-0523.
Fonte: correiodecarajas.com.br
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