Moradores da Vila Santa Maria, localizada no Km 21 da Rodovia Transamazônica, sentido Itupiranga, fecharam a estrada na manhã desta sexta-feira (28) em protesto pela falta de ônibus escolares. A interdição aconteceu durante toda a manhã, começando por volta de 7h e terminando somente às 12h.

Em entrevista ao CORREIO, a moradora Carlene de Oliveira explica que não queria ter prejudicado o direito de ir e vir da população, mas que na atual circunstância, os moradores não viram outra solução senão essa para chamar a atenção do prefeito João Salame Neto.

“A população não queria chegar a esse extremo, mas, infelizmente, os órgãos públicos não deram resposta até agora. Há dois meses, esses jovens vêm lutando, vão ter que fazer o ENEM sem preparo. Infelizmente tivemos que chegar a esse ponto, interditando a passagem e passando por cima do direito de ir e vir da população que a gente não queria prejudicar, mas eles [os órgãos públicos] também não correram atrás dos nossos direitos, então fica difícil”, desabafou.

Ela acrescentou que ao invés da solução o que eles ouvem das autoridades é que ou o ônibus está sem combustível ou sem motorista, impossibilitando que os alunos da comunidade que estudam na Escola Estadual de Ensino Médio Acy de Jesus Neves de Barros Pereira frequentem as aulas.  Além disso, Carlene conta que desde agosto o transporte não passa mais regularmente e que há duas semanas ele não passa mais por lá.

O CORREIO também conversou com Gracilene Alves, que protestava junto a população. Hoje, a jovem já cursa o ensino superior, mas estudava na Escola Acy Barros, onde ainda estudam seus irmãos e amigos. Indagada sobre qual a solução para o problema, Gracilene respondeu que seria implantar uma escola de ensino médio na Vila.

“Estamos reivindicando, porque o futuro deles [dos estudantes da Vila Santa Maria] está em jogo. Hoje, opção não tem, porque o ônibus está acabando e só tem dois meses para concluir o ano letivo. Caso venha o ensino médio para cá, ano que vem não vai ter mais esse perrengue de ter de ir para Marabá para estudar”, opinou.

A estudante do segundo ano do ensino médio da Escola Acy Barros, Isabel Kissia Sousa Fernandes, está com medo e indignada por ela e outros colegas de escola quase serem reprovados devido à falta de transporte escolar. “Estamos sendo prejudicados, já perdemos seminário, provas, o diretor chegou a dizer que corremos o risco de reprovar. Alguns alunos dão um jeito de ir, mas sem ônibus, nós da Zona Rural não temos condições para ficarmos bancando ida e vinda da escola”, disse.

Apesar de ser ponto facultativo em comemoração ao Dia do Servidor Público, a Reportagem conseguiu contato com a Gestão Municipal para saber a situação dos ônibus escolares. Por meio de sua Assessoria de Comunicação, a Prefeitura diz que os ônibus não passam há duas semanas e não há dois meses por problemas mecânicos.

Segundo a Prefeitura, eles se encontram na oficina e em breve voltarão a circular. “Provavelmente na próxima semana”, disse. Indagado sobre a situação dos estudantes que informaram terem sido notificados pelo diretor de que poderiam ser reprovados por faltarem provas e seminário, a Ascom alegou que a informação não procede.

(Jackeline Chagas)