Dezenas de denúncias estão chegando às secretarias municipais de saúde de prefeituras da região sudeste do Pará, entre as quais Marabá. O temor de moradores da zona rural é que macacos que estão aparecendo mortos tenham sido infectados com a febre amarela, podendo transmitir a doença para seres humanos, como tem ocorrido em algumas partes do País, inclusive em Belém e Rurópolis, no Pará.
Em ambiente silvestre, como as matas da região amazônica, a febre amarela é transmitida através de picadas dos mosquitos do gênero Haemagogus, que, diferentemente do aedes aegypti, não circula perto do chão, mas na copa das árvores, por isso os macacos são as principais vítimas.
Até agora, oficialmente, há 11 denúncias feitas pelos municípios de Marabá, Canaã dos Carajás, Eldorado dos Carajás, Itupiranga, Novo Repartimento, São Geraldo do Araguaia e Tucuruí.
Na última semana, uma equipe do Centro de Controle de Zoonoses de Marabá, liderada pelo médico veterinário Navilgan Amoury, foi à Serra Azul apurar a denúncia da morte de um macaco, mas não chegou a encontrar o animal. “Em Serra Azul foi feita a investigação e encontrada apenas parte de um crânio e pelo de macaco, o qual teria morrido há mais de 60 dias. Fizemos a vacinação da comunidade”, explicou o médico à Reportagem do CORREIO na tarde de ontem, quarta-feira.
Ele disse que ainda esta semana a equipe vai se deslocar às vilas Macaco Careca, Josinópolis e PA Estrela do Norte, onde houve denúncias de primatas mortos. “As pessoas têm de ficar atentas, avisar às autoridades, mas não causar a morte dos macacos”, pede Nagilvan.
As carcaças de um macaco morto em Tucuruí e outro de Novo Repartimento foram enviadas ao Instituto Evandro Chagas, em Belém, para exames, mas até agora o resultado não foi divulgado.
Esta semana, o vereador Thiago Koch, que reside na zona rural, pediu na tribuna da Câmara Municipal mais celeridade das autoridades para apurar as denúncias que chegam sobre morte de macaco. “A situação é séria e essa doença mata. Temos denúncias que nos chegam das vilas Serra Azul, Macaco Careca e Plano Dourado, mas até agora apenas uma delas foi verificada”, lamenta.
O Pará não tinha registros de febre amarela desde 2015. Nenhum caso da doença foi registrado em 2016 – e, na última década, apenas oito casos foram registrados em todo o Estado. Em 2017 já foram dois casos.
O Brasil vive o maior surto de febre amarela observado nas últimas décadas, envolvendo principalmente os estados de Minas Gerais e Espírito Santo, que apresentam os maiores números de casos confirmados.
Equipes do Ministério da Saúde estão em articulação com as secretarias estaduais e municipais de saúde para a realização de uma força-tarefa, a fim de colaborar com as investigações dos casos. Nesse sentido, os números apresentados resultam da notificação de estados e municípios, busca de casos suspeitos nas bases dos sistemas nacionais de informação, análise de consistência das bases de dados e exclusão de registros duplicados.
Até 29 de março de 2017, foram notificados ao Ministério da Saúde 1987 casos suspeitos de febre amarela silvestre. Destes, 487 (24,5%) casos permanecem em investigação, 574 (28,9%) foram confirmados e 926 (46,6%) foram descartados.
(Ulisses Pompeu)
Fonte: CT ONLINE
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