Uma mulher de 54 anos, moradora de Andradina (SP), entrou em contato com a Polícia Militar pelo 190 ontem à noite e fez um pedido inusitado: uma pizza.
O cabo que estava atendendo aos chamados no Copom (Comando de Policiamento do Interior) em Araçatuba, também no interior paulista, entendeu que se tratava de um pedido de socorro e pediu que uma equipe se deslocasse até o endereço indicado na ligação para averiguar o possível caso de violência doméstica. Chegando à residência, eles confirmaram as suspeitas.
Segundo o Boletim de Ocorrência, o suspeito, um homem de 57 anos, fugiu assim que viu a viatura se aproximando e a mulher que havia ligado pela suposta pizza denunciou que estaria sofrendo agressões físicas e psicológicas nas mãos do marido.
Em depoimento, ela alegou que o companheiro passou mais de 20 anos preso e que, desde que retornou para a casa, vinha a agredindo verbalmente, com xingamentos e ofensas. Além disso, a mulher declarou que recebeu ameaças de morte mais cedo naquele dia e que o marido teria dito que se não conseguisse matá-la, mataria os filhos dela.
A ameaça ocorreu, segundo a vítima, porque o suspeito chegou em casa de posse de uma motocicleta e, como ele não tem emprego, ela estranhou a presença do veículo e questionou como ele teria adquirido o item. Foi neste momento que o marido passou a ameaçá-la.
Ao verificar o veículo, que continuava nos fundos da casa, a PM confirmou que se tratava de uma motocicleta com registro de furto e, por isso, o item foi recolhido para perícia e depois ser devolvida ao proprietário.
O suspeito segue desaparecido e foi declarado como foragido, já que a Polícia Civil decretou o flagrante após confirmar as agressões contra a esposa e o furto.
O UOL entrou em contato com a Delegacia da Mulher em Andradina e confirmou que os casos serão separados. O crime de furto ficará com a Polícia Civil enquanto a violência doméstica seguirá para a Delegacia da Mulher.
A vítima já entrou com pedido de medida protetiva para impedir que o marido volte à residência ou se aproxime dela e dos filhos.
Ao comentar a ligação inusitada para a polícia, a vítima informou que, como não poderia telefonar pedindo socorro, já que o marido poderia ouvir, teve a ideia de sugerir que os dois pedissem uma pizza, com o “truque” de discar o telefone de urgência.
A vítima disse à polícia que pediu autorização do suposto agressor para comprar o alimento e, no momento de fazer o pedido, discou 190 e torceu para que o policial compreendesse que tratava-se de um pedido de socorro.
Ao UOL, o Copom explicou que o caso foi recebido pelo Soldado PM Cássio Júnior dos Santos e que, somente foi possível entender o pedido de socorro da mulher porque ele estava treinado para casos assim.
“O Copom faz treinamentos periódicos, no mínimo semestrais, e utiliza exemplos do que ocorre em outros locais para orientação do efetivo”, explicou o Comando em nota. “Houve uma ocorrência em 2019 que aconteceu idêntico nos EUA e serviu de base para o treinamento”, encerrou o comunicado.
Fonte: uol.com.br
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