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O revolucionário método com realidade virtual que separou gêmeos brasileiros unidos pelo crânio

Bernardo e Arthur Lima, de três anos, passaram por cirurgias no Rio de Janeiro, com direção do Great Ormond Street Hospital, em Londres. Os procedimentos foram custeados pelo SUS (Sistema Único de Saúde)

As equipes passaram meses testando técnicas usando projeções de realidade virtual da imagem dos gêmeos, com base em tomografias computadorizadas e ressonâncias magnéticas.

A operação foi descrita pelo cirurgião Noor ul Owase Jeelani como “coisa da era espacial”.

Foi um dos processos de separação mais complexos já concluídos, de acordo com a instituição de caridade que o financiou – Gemini Untwined – que Jeelani fundou em 2018.

Ele disse que, pela primeira vez, cirurgiões em países diferentes usaram fones de ouvido e operaram juntos na mesma “sala de realidade virtual”.

Os gêmeos passaram por sete cirurgias, envolvendo mais de 27 horas de trabalho apenas na operação final, e quase 100 médicos.

‘Coisas da era espacial’

“É simplesmente maravilhoso. É realmente ótimo ver a anatomia e fazer a cirurgia antes de realmente colocar as crianças em risco”, disse Jeelani disse à agência de notícias PA.

“Você pode imaginar como isso é reconfortante para os cirurgiões. De certa forma, essas operações são consideradas as mais difíceis do nosso tempo, e fazê-lo em realidade virtual era realmente coisa da era espacial.”

Ele disse que tentativas anteriores malsucedidas de separar os meninos significavam que sua anatomia era complicada por tecido cicatricial, e ele estava “realmente apreensivo” com o procedimento arriscado.

Jeelani disse que ficou “absolutamente exausto” após a operação de 27 horas, durante a qual fez apenas quatro pausas de 15 minutos para se alimentar e hidratar, mas foi “maravilhoso” ver a família se sentindo “nas nuvens” depois.

Ele acrescentou que, como em todos os gêmeos siameses após a separação, a pressão arterial e os batimentos cardíacos dos meninos estavam altas – até que eles se reencontraram quatro dias depois e tocaram as mãos.

Os gêmeos estão se recuperando bem no hospital e terão pela frente seis meses de reabilitação.

Mudança de vida

Este foi o sexto procedimento de separação de Jeelani com a Gemini Untwined, depois de operar anteriormente em gêmeos do Paquistão, Sudão, Israel e Turquia.

Ele liderou o procedimento ao lado do médico Gabriel Mufarrej, chefe de cirurgia pediátrica do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer, no Rio de Janeiro, que também estava presente fisicamente durante as cirurgias.

Mufarrej disse que o hospital onde ele trabalha cuida dos meninos há dois anos e meio, e sua separação foi uma “mudança de vida”.

“Desde que os pais dos meninos vieram de sua casa na região de Roraima para o Rio para buscar nossa ajuda há dois anos e meio, eles se tornaram parte da nossa família aqui no hospital.”

Bernardo e Arthur, com quase quatro anos de idade, são os gêmeos craniópagos – ou seja, gêmeos com cérebro fundido – mais velhos a se separarem.

De acordo com a instituição de caridade, um em cada 60 mil nascimentos resulta em gêmeos siameses, e apenas 5% deles são craniópagos.

Fonte: g1.globo.com



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