Na última segunda-feira, 6, a Organização Mundial de Saúde (OMS) publicou no British Medical Journal uma nova diretriz onde desaconselha o uso de plasma convalescente para tratamento da covid-19. Em resumo, a recomendação desaconselha o uso do plasma para qualquer quadro da doença, exceto nos casos em que pacientes em quadros graves ou críticos estejam participando de estudos clínicos sobre o tema.

Originalmente, no tratamento com plasma convalescente é feita a retirada de uma parte do sangue de pacientes que já curados da covid-19 e colocá-los em pacientes com um quadro ativo da doença, para acelerar sua recuperação. A estratégia foi testada desde o início da pandemia, antes mesmo do surgimento das vacinas. Porém, o tratamento não é mais recomendado porque ainda não foram observados benefícios homogêneos sobre o uso do plasma (a parte do sangue utilizada) para o tratamento da covid seja em quadros considerados não graves, graves, ou críticos.

A pesquisadora brasileira Letícia Kawano Dourado, que participou da elaboração das novas diretrizes explica que “Não havia recomendação anterior, mas havia muita expectativa de que o plasma fosse funcionar, com base em estudos observacionais, com base em plausibilidade biológica” conta. Porém, eles não corresponderam as expectativas. A pesquisadora, que é médica pneumologista e pesquisadora do Hospital do Coração (HCOR), em São Paulo, e diretora clínica das Diretrizes em Drogas para Covid-19 da OMS, também conta que “a administração de plasma, especialmente para pacientes com doença não grave, onde há um baixo risco de mortalidade e outros resultados clínicos importantes, não é justificada” cita.

Por isso, a nova diretriz, passa a demarcar duas orientações da OMS sobre o uso de plasma convalescente para pacientes com covid: embora ambas sejam contrárias ao uso do plasma, uma delas permite a possibilidade de uso em pacientes graves ou críticos, mas apenas para estudos.