De acordo com levantamento mais recente do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), a pandemia da covid-19 já reduziu a renda potencial das famílias brasileiras em R$ 14,3 bilhões por ano. Esse é o ganho que as pessoas de 20 anos ou mais que não resistiram à doença teriam, caso seguissem recebendo suas remunerações normalmente.
No entanto, diferente da queda de renda provocada pela perda de um emprego, que pode ser recuperada no futuro por meio de novos empregos ou aumentos de salário, esses valores precisarão ser recompostos por outros membros das famílias, colocando-as sob o risco da pobreza.
Os cálculos do estudo foram atualizados na última quinta-feira, 12, quando o total de mortos por covid-19 no país estava em 557 mil. Logo, a segunda onda da pandemia, que já matou mais neste ano do que a primeira em 2020, elevou as perdas da renda potencial em 180%. A versão inicial do estudo, finalizada em janeiro, calculava as perdas em R$ 5,1 bilhões, levando em conta o número de mortes registradas até meados daquele mês.
Cláudio Considera, coordenador do Núcleo de Contas Nacionais do Inter/FGV e responsável pelo levantamento, explica que “Tem tanta gente desempregada, mas essas pessoas não necessariamente serão capazes de substituir no mercado de trabalho aqueles que morreram. Sem contar a questão humanitária. É um desastre”, diz.
O economista Fabio Bentes, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revela que “A renda per capita vai ser, ainda que marginalmente, afetada por essas pessoas que se foram e deixaram de gerar renda. E aquelas outras pessoas que dependiam da renda desses familiares e cônjuges vão ficar mais pobres”.
A estimativa da FGV considera a totalidade dos rendimentos mensais das pessoas falecidas, incluindo aposentadorias e indica que a perda prematura de aposentados afeta especialmente as famílias mais pobres, que muitas vezes têm na aposentadoria dos mais idosos uma importante fonte de renda.
No primeiro trimestre deste ano, três em cada dez lares brasileiros viviam sem nenhuma renda do trabalho, segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas devido à crise, a proporção de domicílios sem renda de trabalho passou de um quarto, no primeiro trimestre de 2020, para quase um terço, no primeiro trimestre de 2021.
Sandro Sacchet de Carvalho, pesquisador do Ipea desfaça que “Tem muitos casos em que os idosos moram com filhos e netos. A perda dessa aposentadoria nem sempre dá direito à pensão, então, isso pode afetar o rendimento domiciliar dos mais vulneráveis”, diz.
Fonte: romanews.com
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