O Pará teve destaque na geração de emprego no setor do agronegócio em 2020, com saldo de 32.789 postos de trabalho, de acordo com levantamento divulgado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Contando com todos os setores econômicos, o Estado teve o terceiro maior saldo líquido na abertura de novas vagas entre as unidades da federação, distribuídas em comércio (31,5%), serviços (29%), indústria (17,3%), construção (16,3%) e agricultura (5,8%).
A nível nacional, a CNA aponta que o agronegócio teve, em 2020, o melhor resultado na geração de empregos no setor desde 2011, apesar da pandemia e dos resultados abaixo do esperado na criação de novos postos de trabalho. Os dados mostram que o setor abriu 61.637 mil vagas de trabalho de janeiro a dezembro do ano passado. A região Norte, no entanto, aparece em última posição na abertura de novas vagas de emprego no setor agropecuário, com um saldo líquido de 2.594 postos, equivalente a 4,2% do total do Brasil (61.637).
Segundo a economista e assessora técnica da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa), Eliana Zacca, é preciso destacar que, dentre os estados da região Norte, o Pará, Rondônia e Tocantins são as unidades em que o setor agropecuário tem maior expressão econômica. “No contexto regional, o Pará assume a liderança, com 1.908 novas vagas (73,5% das oportunidades da região), seguido do Tocantins (542) e de Rondônia (328). Os demais estados tiveram número pouco expressivo ou registraram saldo negativo”, afirma.
A especialista ainda explica que a performance “pouco satisfatória” do setor agropecuário da região Norte é compatível com o peso que o setor possui no Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro, apesar de sua representatividade em algumas das unidades federadas da região. Ela considera, também, que ao custo de produção do Brasil soma-se o custo amazônico, já que o Norte “padece de sérias deficiências estruturais de transporte, que elevam sobremaneira o custo de produção, a par de fortes restrições ambientais”.
Durante a pandemia do novo coronavírus, no entanto, Eliana diz que o agro foi o setor econômico menos afetado, por ser considerado uma atividade essencial, dada a sua importância para o abastecimento e segurança alimentar da população. Em segundo lugar, outro motivo que colaborou para o bom desempenho do setor em 2020 foi a valorização do dólar, que alavancou as exportações, as quais atingiram um recorde de US$ 100,8 bilhões no país, favorecendo a demanda de mão de obra. A economista enfatiza que os segmentos que mais se destacaram na abertura de novas vagas foram aqueles que lideram a pauta de exportação do agro, como o complexo da soja e das carnes e, em menor escala, o café, mas que é uma cultura intensiva de mão de obra.
Pelo lado negativo, a maior dificuldade enfrentada pelo agronegócio no ano passado, tanto no Pará quanto no Brasil, segundo a assessora técnica, foi a adequação de protocolos de trabalho em curto período de tempo; problemas no transporte de produtos e de insumos necessários ao plantio e trato das lavouras, em virtude de fechamento de fronteiras municipais; problemas na exportação, por conta das novas regras impostas pelos países importadores; e dificuldades para obter financiamento. “Observou-se uma postura mais restritiva dos bancos na aprovação de novos financiamentos, principalmente os privados, devido à piora da saúde financeira das empresas, elevando a taxa de risco”, declara Eliana.
Os primeiros sinais da recuperação econômica começaram a ser observados a partir de julho, com o arrefecimento da crise sanitária, mas que voltou a se intensificar de novembro em diante. A economista explica que o reaquecimento do mercado local está muito condicionado à diminuição gradual da crise sanitária, com a expectativa positiva de vacinação massiva da população. Agora, o fim da vigência do auxílio emergencial concedido pelo governo federal à população mais vulnerável deve repercutir na redução da demanda interna e consumo das famílias, já que foi instrumento importante para manter um certo nível de aquecimento da economia, diz ela.
Mesmo assim, a especialista acredita que o agronegócio paraense deve manter uma trajetória de crescimento em 2021, puxado sobretudo pelos segmentos da soja e da pecuária, favorecidos pelos preços em alta, influenciados pela elevação da demanda externa e a taxa de câmbio favorável. Em contrapartida, os preços de produtos alimentares no mercado interno deverão sofrer elevação, pressionados pelo aumento do custo de produção e pela demanda externa. De um modo geral, a recuperação dos níveis de atividade econômica deverá ocorrer de forma lenta, condicionando, também, a redução das taxas de desemprego, que se encontram em patamares elevados.
Fonte: oliberal.com.br
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