Há 50 anos, em uma época em que quase não havia profissionais capacitados para isso no país, cerca de 15 pesquisadores criaram o primeiro computador brasileiro. O aparelho ficou conhecido como Patinho Feio na Poli-USP (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo), onde foi desenvolvido.
O Patinho Feio tinha apenas 4 kilobytes de armazenamento (um simples disquete tem 360 vezes mais espaço). Não contava com tela, mouse, nem a maioria das funções dos computadores de hoje. Mas serviu para dar início à indústria brasileira de equipamentos digitais.
“O Patinho Feio foi uma semente da indústria digital brasileira a partir de um protótipo viável”, disse Lucas Moscato, professor aposentado de automação industrial e robótica da Poli-USP e um dos criadores do computador, em entrevista ao g1.
O dispositivo foi resultado de um esforço de engenheiros, professores, estagiários e estudantes de pós-graduação da faculdade.
“A gente teve alunos excelentes. Muitos ficaram trabalhando conosco na Poli, outros alimentaram a indústria de computadores que começou a surgir no Brasil”, destacou ao g1 Edith Ranzini, professora sênior da Poli-USP e uma das quatro mulheres que participaram do projeto.
O 50º aniversário do dispositivo começa a ser comemorado nesta quinta-feira (22) na Poli-USP. Nos próximos meses, serão realizadas exposições e visitas programadas de estudantes para mostrar os avanços da tecnologia e destacar a importância dos investimentos na universidade pública.
O primeiro computador brasileiro foi um projeto do antigo Laboratório de Sistemas Digitais da USP, hoje chamado de Departamento de Engenharia de Computação e Sistemas Digitais. Inaugurado em 24 de julho de 1972, ele começou a ser desenvolvido dois anos antes.
O dispositivo foi criado depois do pedido da Marinha para a construção de um computador nacional que pudesse ser utilizado em seus navios. O aparelho seria feito na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), que chamou seu projeto de Cisne Branco.
Então, os engenheiros da USP, que também projetavam um computador, chamaram a sua iniciativa de Pato Feio, que viria a ser chamado no diminutivo. “Foi realmente uma brincadeira que gerou o nome. O Patinho Feio teve essa ligação com o que o pessoal da Unicamp propôs fazer”, explicou Moscato.
O Cisne Branco da Unicamp não vingou e o G10, um sucessor do Patinho Feio, viria a ser utilizado em sistemas de navegação de alguns navios da Marinha.
Fonte: g1.globo.com
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