Uma pesquisa realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos no Pará (Dieese/PA) concluiu que a cesta básica dos paraenses ainda se mantém entre as mais caras do país, com reajuste acumulado acima da inflação estimada em torno de 7% em 2022. Essa alta tem se refletido em outros alimentos básicos, como é o caso dos ovos de galinha.
Nos principais supermercados de Belém, o Dieese/PA percebeu que o preço desse produto se manteve estável no mês passado. Entretanto, o alimento acumula uma alta de 16% no comparativo entre fevereiro de 2022 e 2023. A trajetória foi a seguinte: há 12 meses a dúzia de ovos de galinha da marca Top foi comercializada em média a R$ 10,22, e saltou para R$ 11,82 até o mês passado.
O balanço comparativo de preços nos últimos meses acumulou alta superior à inflação calculada em 5,71%. De acordo com os feirantes que trabalham com esse tipo de produto, o preço só não está maior devido ao grande número de oferta de ovos na Grande Belém, totalmente diferente do que foi visto em novembro do ano passado, quando o produto ficou escasso na cidade por causa dos bloqueios nas estradas.
Inácio lima, 54, já sentiu os preços mais salgados dos fornecedores, mas ao contrário dos colegas, continua vendendo a cuba de ovo com o valor antigo. “Hoje faço R$ 20 numa cuba com 30 ovos, mas não sei por quanto tempo ainda consigo segurar esse valor. Mas pelo que observo, a tendência é essa: sempre aumentar e nunca diminuir, opinião que inclui não só os ovos”, declarou o feirante.
Mas nem todos conseguiram o mesmo feito. “Até ontem [quarta] eu estava vendendo a R$ 20 a mesma cuba, mas agora custa R$ 22. Esse acréscimo é sentido a cada remessa que chega, pois na maioria das vezes nunca fica mais barato. Já sentimos uma queda nas vendas, mas o ovo continua sendo ainda a proteína mais procurada”, afirmou o feirante Antônio Paiva, 51.
Vendas apresentaram dimunição de 30%
Outra marca pesquisada foi a Gaasa, que é vendida por R$ 10,32 a dúzia, mas o mesmo produto já chegou a custar R$ 8,74 em fevereiro do ano passado, ou seja, sofreu um acréscimo de 18% no mesmo período contra uma inflação estimada em torno de 5,71%. Mas apesar da alta, essa continua sendo uma das principais opções na hora de compor o almoço e a janta da população.
Sandley Rangel, 19, revelou que vende por dia em torno de sete caixas da proteína, que dá mais de 75 mil ovos por mês. A maior preocupação do vendedor é que as altas derrubem ainda mais as vendas, que já reduziram 30%. “Para a gente, os fornecedores já cobraram 15% a mais este mês, então acaba sendo um percentual que se não passamos aos clientes acabamos ficando no prejuízo”, disse.
CAUSAS
Para Everson Costa, supervisor técnico do Dieese/PA, a justificativa frente às constantes disparadas está na sazonalidade dos produtos, fatores ligados à comercialização, altas nos custos de produção, dos combustíveis e consequentemente no transporte. “Tudo isso foi afetado, em certas medidas, pelo efeito da pandemia e das complicações da guerra, mas estamos nos recuperando”.
“A inflação não poupou os alimentos pois ligado diretamente no aumento dos custos de maneira generalizada da nossa economia, como por exemplo, alta na energia elétrica, combustível, produção da indústria e do campo, importação de equipamentos e insumos, então isso acabou fazendo com que o valor final dessas mercadorias acompanhasse a inflação”, destacou Everson.
Diante das constantes altas nas prateleiras dos supermercados, o trabalhador viu o poder aquisitivo cair de forma brutal: enquanto a alimentação registrou alta de quase 17% nos últimos 12 meses, o salário mínimo subiu apenas 7%, ou seja, com uma cesta básica custando R$ 632,26 e o salário R$ 1.302, o trabalhador fica com a renda comprometida em 48, quase a metade só com alimentação.
Fonte: g1.globo.com
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