“No sábado, a gente começa a demolir. A gente não pode perder tempo, principalmente pelos riscos do prédio cair e dos inconvenientes que estão sendo causados pela interdição da rua”, disse Nunes em coletiva de imprensa na manhã desta quinta (14).
Ainda de acordo com a gestão municipal, os donos do edifício concordaram em assumir os custos da obra.
“Ficou definido que a prefeitura providenciará a demolição e depois irá solicitar o ressarcimento dessa despesa, porque no código de obras, Artigo 10, é muito claro que a responsabilidade é do privado”, afirmou o prefeito.
Mais cedo, em entrevista à TV Globo, Roberto Racanicchi, engenheiro do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia, destacou importância de se iniciar os trabalhos com urgência, em função do risco iminente de colapso da estrutura, e disse que o procedimento pode demorar mais de três meses.
De acordo com o especialista, o maior entrave para os trabalhos no local é a questão do espaço. O prédio fica localizado na região de 25 de Março, e tem muitos imóveis próximos.
“A primeira questão é a densidade, você tem muitos prédios ao entorno e tem que manter a segurança o máximo possível, qualquer tipo de colapso ou tombamento, qualquer questão que aconteça com a edificação, ela é muito pesada. Nós estamos falando na ordem de 5 mil toneladas de concreto.”
“Cada viga dessa vai pesar 800 kg, 1 tonelada. Então, é pesado, qualquer situação de ruptura é perigoso, principalmente pela densidade ao seu entorno.”
O engenheiro ainda aponta o custo do procedimento é altíssimo. O prédio é comercial e estava sem o auto de vistoria dos bombeiros, o AVCB.
“É bem caro, é muito caro. Então a demolição nesse tipo de situação quem paga a conta é a discussão jurídica que muitas vezes demora muito tempo pra decidira quem vai pagar, mas a situação é de urgência.”
As chamas começaram na noite de domingo (10). Além desse prédio de dez andares, outros quatro imóveis próximos também foram incendiados: um prédio de seis andares, uma loja e uma igreja. Todos ficam na região da Rua 25 de Março.
Após quatro dias de combate, os bombeiros consideram o incêndio extinto, apesar de ainda existir pequenos focos.
Os trabalhos foram encerrados no local no final da tarde desta quarta (13). Uma equipe com cinco profissionais segue no local para fazer o acompanhamento.
As vias da 25 de Março, que estavam interditadas, foram liberadas. Apenas a rua onde fica o prédio, a Rua Comandante Abdo Schahin, permanece fechada.
Na noite desta quarta, assembleia entre os comerciantes condôminos do prédio de dez andares autorizou a demolição do prédio pela Prefeitura de São Paulo. Assim, a prefeitura não vai precisar entrar com uma ação judicial.
Dois bombeiros chegaram a sofrer queimaduras e foram internados durante os trabalhos. Não há mais registros de pessoas feridas na região. A Polícia Civil investiga as causas e eventuais responsabilidades pelo incêndio.
9 imóveis interditados
Avaliação feita por engenheiros da prefeitura interditou nove imóveis do entorno.
Além do prédio de dez andares, que corre risco de desabar, mais oito edificações foram interditadas porque poderiam ser atingidas pela possível queda e destroços do edifício que continua pegando fogo.
Os prédios interditados estão nos seguintes endereços:
- Rua Cavalheiro Basílio Jafet, 115
- Rua Cavalheiro Basilio Jafet, 127
- Rua Cavalheiro Basílio Jafet, 107
- Rua Barão de Duprat, 41
- Rua Barão de Duprat, 39
- Rua 25 de março, 734
- Rua 25 de março, 702
- Rua Comandante Abdo Schahin, 94
- Rua Comandante Abdo Schahin, 78 (onde está o prédio de 10 andares que continua pegando fogo)