Badalado

Notícias

Professores denunciam corte de salários e ameaças de cancelamento de matrículas feitos pela Seduc

Desde o início da suspensão das aulas presenciais em 2020, provocadas pela pandemia da covid-19, um coletivo de professores iniciou um grupo nas redes sociais para compartilhar o cotidiano e as dificuldades do ensino remoto para alunos e professores do ensino público no Pará. No início de maio, o grupo iniciou a divulgação de uma série de denúncias onde acusam o Governo do Pará e a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) de prejudicar os alunos que possuem acesso limitado a internet com o cancelamento automático das marículas dos estudantes que não entregaram atividades, além de prejudicar os professores por meio da redução de salários e jornada de trabalho. O grupo também acusa o Sindicado dos Trabalhadores e das Trabalhadoras em Educação Pública do Pará (SINTEPP) de não dar suporte as denúncias.

A insatisfação relacionada ao cancelamento automático de matrículas iniciou com a publicação do documento ‘Orientações pedagógicas e esclarecimentos sobre as atividades não presenciais do segundo bimestre, referentes a 03/05/21 a 30/06/21’ onde a Seduc afirma que fará ainda no mês de maio o cancelamento das matrículas de estudantes que não conseguiram ter acesso ao ensino remoto. O coletivo denuncia que o cancelamento automático é discriminatório, já que o governo não oferece ferramentas (como computador ou celular) e acesso acesso gratuito à internet para que esses estudantes participem durante as aulas remotas.

De acordo com uma professora do ensino básico do município de Castanhal, nem todos os alunos possuem acesso a internet e isso exige esforços que vão além da jornada oficial de trabalho “Quando noto que algum aluno some, tento ir atrás e em alguns casos descobri que o celular dos pais não possui acesso a internet, daí acabo tendo que criar um material exclusivo para esse aluno, que demanda muito mais tempo do que minha jornada de trabalho ou acabo aumentando o prazo para que ele entregue as atividades” descreve.

Já para outra professora, que trabalha com alunos do ensino médio em Ananindeua, a medida que classifica como “insensível” pois destaca a desigualdade social entre os alunos “Na capital e região metropolitana é maior o número de famílias em que pelo menos uma pessoa tem celular com internet, mas não são todas. Algumas venderam o celular para ter o que comer em casa e até pagar remédios quando as pessoas da casa tiveram covid” destaca.

Entre as regras de permanência no programa do Governo Federal Bolsa Família estão a frequência escolar mínima de 85% para crianças e adolescentes entre 6 a 15 anos, e frequência mínima de 75% para adolescentes de 16 a 17 anos. Logo, o cancelamento automático de matrícula teria consequências que prejudicariam muito mais do que o aprendizado e o acesso a educação dos estudantes em meio a pandemia.

Outra denúncia do grupo independente é relacionada a diminuição da jornada de trabalho e de salários. Segundo eles, reduzir o salário seria um “desrespeito” aos esforços para manter o ensino remoto em funcionamento; já a redução da jornada de trabalho deixaria as aulas virtuais “insustentáveis”. Para a professora de educação básica que trabalha em Castanhal, não há como atender as necessidades dos alunos e as estimativas exigidas pela Seduc com menos tempo para execução e com menores salários “Vários professores compraram celulares ou computadores melhores para facilitar o trabalho e atender a demanda, outros imprimem todo o material com o próprio salário para dar aos alunos que não conseguem acompanhar as aulas virtuais. Como que vou cobrar o preço das cópias para um aluno que sequer tem internet em casa?” questiona.

A professora também destaca que o sindicato da categoria também não compreende as necessidades de alunos e professores, que serria tão arriscado quanto as estratégias do Governo do Pará “Eles falam só da vacinação. Ela é importante e fundamental sim, mas só vacinar e voltar ao presencial não resolve. Como que eu vou apenas dar prosseguimento ao conteúdo para um aluno que provavelmente tem dúvidas de um ano inteiro acumuladas?” questiona.

Fonte: romanews.com



Divulgar sua notícia, cadastre aqui!






>