Desde que se iniciou o isolamento social em razão da pandemia do coronavírus, que já matou quase 150 pessoas em Marabá, surgiu uma disputa de narrativas que colocava em lados opostos a reabertura das atividades comerciais e a manutenção da vida. De um lado, os que defendiam a abertura do comércio eram tidos como inimigos da vida em favor dos lucros. Do outro, os que defendiam o isolamento eram tratados como preguiçosos ou pessoas que não precisariam trabalhar porque seu salário é depositado todo mês. Mas o que se vê agora, felizmente, é o nascimento de um discurso conciliador.
Na avaliação do presidente da Associação Comercial e Industrial de Marabá (ACIM), Raimundo Nonato Júnior, para que mais atividades comerciais possam reabrir, com segurança e cumprindo papel de gerar emprego, renda e impostos, é necessário que a comunidade cumpra rigorosamente os protocolos de segurança, de higiene e distanciamento social, porque todos os movimentos de reabertura, segundo ele, foram realizados com a cautela necessária para não ocorrer um movimento reverso, o fechamento de atividades que hoje estão autorizadas.
“Para que haja uma reabertura contínua e gradativa das atividades econômicas, de um modo geral, é importante que a comunidade sempre saia às ruas com máscara, que leve seu frasquinho de álcool em gel; que as empresas ofereçam as condições de higiene na porta e também na parte interna, oferecendo água, sabão, álcool e mantendo sempre o distanciamento social de um metro e meio, de preferência, e que todos, absolutamente todos, saiam à rua apenas quando necessário”, reafirma Júnior.
O empresário ressaltou os cuidados da prefeitura para manter baixos os índices de contaminação e letalidade, de modo que o setor produtivo tem recebido com alegria os movimentos da prefeitura de reabertura gradual das atividades econômicas, com período de regular de 15 dias ou uma semana entre um e outro setor.
Segundo ele, isso tem feito o comércio reagir aos poucos, porém ainda com velocidade mais baixa do que os empresários gostariam. “Marabá tem reagido muito bem a esse retorno”, resume, acrescentando que isso se concretiza com o aumento dos negócios, preservação e geração de empregos, além da arrecadação de impostos.
Júnior entende que hoje a grande dificuldade do comércio, nesses 15 dias de reabertura, ainda é o medo do consumidor de voltar a comprar como fazia antes, na chamada normalidade (talvez isso se explique pelo medo de um novo aumento nos casos ou de perder o emprego), mas o presidente da ACIM acredita que antes do final do ano a economia deve voltar a girar quase que nos patamares projetados para 2020.
Shopping
Sobre a reabertura parcial do shopping, Júnior explica que a direção do empreendimento cumpriu os protocolos de segurança para garantir essa reabertura, ao mesmo tempo em que a população entendeu que nesse momento o shopping não deve ser tratado como uma área de lazer, mas sim como um centro de compras mesmo,
Por isso, o empresário aposta que mais atividades econômicas sediadas no shopping devem reabrir em breve. “Nós vemos com bons olhos esse movimento que todo setor empresarial, seja do comércio, da indústria e da prestação de serviço, tem feito com os cuidados para que tenhamos sempre uma evolução de reabertura e não um retrocesso com algum tipo de fechamento”, resume.
Números estabilizam
Dados da prefeitura mostram que o número de novos casos em Marabá estabilizou, assim como o número de mortos pela doença. A entrega de medicamentos, a adoção do chamado protocolo de Madri (manutenção de pacientes idosos em casa, desde que não tenha sintomas graves) e a reabertura do comércio, no dia 15 de junho, são apontados como fatores para essa melhora nos números.
Prova disso é que, segundo a prefeitura, antes do dia 12 de junho (última sexta-feira antes da reabertura da maior parte das atividades comerciais) a taxa de ocupação de leitos de UTI passava de 80%, agora está na faixa de 58%. Por isso, a prefeitura entende que o comércio disciplinou as pessoas.
Para o diretor do Conselho Municipal de Jovens Empresários de Marabá (Conjove), Caetano Reis, enquanto não for descoberta uma vacina para o coronavírus, toda a sociedade precisará conviver com o que vem sendo chamado de “novo normal”, que é o uso de máscara, álcool em gel e distanciamento social. Isso dizer que as atividades comerciais estão sendo retomadas e o comércio precisará conviver com isso.
Caetano observa que alguns segmentos estão pelo menos equiparando os custos fixos iniciais nesse momento, ou seja, estão garantindo a sobrevivência, até porque grande parre das empresas usou a medida provisória do governo federal, que previa redução de jornada de trabalho (com redução de salário) e também demissões.
Assim como Júnior, ele também espera que, no melhor dos cenários, o padrão anterior à pandemia deve ser alcançado até o final do ano. Mas, enquanto isso, todos teremos que conviver com os chamados protocolos de segurança e de higiene.
Caetano alerta que há muito discurso criticando a reabertura de determinado setores do comércio, mas pondera que há muitos empregos envolvidos. “Nós precisamos ter consciência ao emitir uma opinião contrária à retomada do comércio de rua e shoppings”, ressalta, acrescentando que é preciso avaliar que há outras empresas dentro desse mecanismo que estão impactadas também.
O diretor do CONJOVE comenta ainda que o auxílio emergencial, apesar de importante, mas não atende todos que necessitam, por isso é preciso aprender a conviver com o “novo normal”. Ele reafirma que a normalidade só será possível com as vacinas, que ainda estão sendo testadas. “E a gente espera que a ciência consiga”, resume. (Chagas Filho)
Fonte: correiodecarajas.com.br
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