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Rainha aceita renúncia de Boris Johnson, que sinaliza querer voltar ao comando do Reino Unido

Em discurso de despedida, primeiro-ministro britânico disse que foi injustiçado e retirado do cargo antes da hora. ‘Corrida de revezamento inesperada’, afirmou. Liz Truss assume o posto após cerimônia com a rainha nesta terça (6).

A rainha Elizabeth II aceitou nesta terça-feira (6) oficialmente a renúncia do agora ex-primeiro-ministro do Reino Unido Boris Johnson. Em discurso de despedida, Johnson se disse injustiçado e tirado do comando do país antes da hora.

O agora ex-premiê renunciou após uma série de escândalos envolvendo festas durante o lockdown e denúncias de assédio sexual por parte de alto escalões de seu governo.

Sua antiga ministra de Relações Exteriores, Liz Truss, assumiu o comando do país, após ser escolhida pelo Partido Conservador, a sigla de ambos. Truss e Jonhson participaram de cerimônia de “passagem do bastão” com a rainha Elizabeth II em um castelo da família real na Escócia – é a primeira vez que a monarca fez esse ritual fora do Palácio de Buckingham, por problemas de saúde.

“O bastão será entregue no que inesperadamente acabou sendo uma corrida de revezamento. Eles (deputados) mudaram as regras no meio do caminho, mas isso não importa agora (…) Mas como Cincinato (ditador romano que voltou ao poder após se aposentar), eu estou retornando ao meu plano”, discursou, em pronunciamento em frente à sede do governo britânico, em Downing Street.

Ele ressaltou ainda sua atuação durante o Brexit – a saída do Reino Unido da União Europeia, do qual foi defensor ferrenho -, a vacinação rápida da população contra a Covid-19 e o apoio à Ucrânia.

Apesar de sinalizar que pode voltar ao governo, Boris Johnson prometeu apoio veemente à nova primeira-ministra britânica, Liz Truss e disse que não vai interferir em sua gestão.

“Sou como um daqueles foguetes de propulsão que cumpriram o seu propósito e agora vai reentrar suavemente na atmosfera e submergir de maneira invisível em algum canto remoto e escuro do Pacífico. Oferecerei a este governo apenas meu apoio mais fervoroso”, disse.

O conservador de 58 anos, obrigado a renunciar no início de julho pelos deputados do próprio partido, indignados com a multiplicação de escândalos, se despediu durante a manhã de Downing Street diante de simpatizantes e parentes.

Apesar dos escândalos, do “Partygate” – as festas celebradas em Downing Street durante os confinamentos – às acusações de favorecimento de amigos, Johnson ainda tem uma grande popularidade entre as bases conservadoras e muitos consideram que está magoado por ser obrigado a deixar o poder.

Mas nesta terça-feira ele reiterou o apelo por unidade do partido, que deve superar as divisões agravadas pela luta de poder entre Truss e Sunak.

“Se Dilyn (seu cachorro) e Larry (o gato de Downing Street) conseguiram deixar para trás suas dificuldades ocasionais, o Partido Conservador também pode”, brincou.

Balanço

Johnson fez um balanço de seus três anos de mandato e recordou que conseguiu em 2019 a maioria conservadora mais significativa desde 1987 com a promessa de concretizar o Brexit, algo que parecia impossível após anos de caos político.

Desde “a distribuição mais rápida de vacinas na Europa” contra a covid-19 até “entrega rápida de armas às forças ucranianas” contra a invasão russa, passando por um “desemprego em níveis mínimos nunca vistos desde que eu tinha 10 anos”, ele recordou o que considera suas conquistas.

Após o último discurso, de apenas sete minutos, Johnson viajou para a residência escocesa da rainha Elizabeth II, em Balmoral, para apresentar oficialmente sua renúncia.

A transferência de poder geralmente acontece no Palácio de Buckingham, em Londres, a menos de 10 minutos de carro de Downing Street.

Mas este ano, por problemas de mobilidade da monarca, de 96 anos, tanto Johnson como sua sucessora terão que viajar mais de 800 km ao norte.

Terceira mulher a comandar o governo britânico, após Margaret Thatcher (1979-1990) e Theresa May (2016-2019), Truss representa a ala mais à direita do partido e prometeu reduzir os impostos para estimular uma economia à beira da recessão.

Na quarta-feira (7), ela presidirá o primeiro conselho de ministros e enfrentará na Câmara dos Comuns o líder da oposição, Keir Starmer, que na segunda-feira a acusou de “não estar ao lado dos trabalhadores”, pressionados por uma inflação de mais de 10%.

As famílias britânicas enfrentarão a partir de outubro um aumento de 80% nas contas de gás e energia elétrica. Muitas empresas e instituições, incluindo hospitais e escolas, alertaram que terão que fazer cortes ou até fechar devido à impossibilidade de pagar o novo valor.

Eleita em uma votação com a participação de apenas 82% dos 172.000 membros do Partido Conservador, em um país de 67 milhões de habitantes, diversas pesquisas mostraram que grande parte dos britânicos não confia na capacidade de Truss para enfrentar a crise.

Em seu primeiro discurso na segunda-feira, Truss descartou a possibilidade de convocar legislativas antecipadas, mas prometeu a vitória nas próximas, previstas para janeiro de 2025 no máximo, contra um Partido Trabalhista que não para de avançar nas pesquisas.

Fonte: g1.globo.com



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