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Rio Tocantins sobe no atacado e pode chegar a 10,70 metros nesta 5ª

As informações vindas da Seção Fluvial do Exército, instalada entre os bairros Santa Rosa e Santa Rita, no Núcleo Marabá Pioneira, não alentam. O Rio Tocantins estava medindo, às 18h desta quarta-feira (3), 10,54 metros acima do nível normal. Bem cedo, às 6h, a medição na régua fluviométrica era outra: 10,43 – elevação de 11 centímetros em 12 horas. Isto sinaliza para aumento de quase um centímetro a cada hora, desabrigando centenas de famílias.

Confirmada essa tendência, detidamente observada pelos militares que atuam naquela unidade do Exército e também por técnicos da Eletronorte no reservatório da Usina Hidrelétrica de Tucuruí, o rio pode alcançar 10,97 metros neste sábado (6). Essa é a previsão que faz o Boletim Informativo de Vazões e Níveis do Rio Tocantins, que toma como base o nível das águas em Tucuruí.

O mesmo informativo da Eletronorte antecipa que o nível do Rio Tocantins em Marabá alcançará a marca de 10,70 metros nesta quinta-feira (4). Ele tem por objetivo chamar a atenção principalmente dos moradores ribeirinhos à montante e jusante (antes e depois) da UHE Tucuruí.

Até o momento, cerca de 200 famílias já foram atingidas na cidade, o que representa mais de 800 pessoas. Daquelas, a prefeitura diz ter atendido 128, sendo 62 desabrigadas e 66 desalojadas. Apesar de parecerem sinônimos, os termos são diferentes. No glossário da Defesa Civil, desalojado é quem não carece de abrigo da prefeitura por ter como alugar imóvel ou mudar para a casa de familiares e assim preferir fazê-lo, enquanto desabrigado é quem realmente necessita da estrutura provida.

Essas famílias, por assim dizer, estão distribuídas nos mais variados bairros e núcleos urbanos. Francisco Coelho (Cabelo Seco), Santa Rita, Santa Rosa, Vila Canaã (Vila do Rato) — no Núcleo Marabá Pioneira —, Amapá, Carajás I e II, Filadélfia, Vale do Itacaiunas, São Miguel da Conquista, Independência — no Núcleo Cidade Nova —, Folhas 6, 8, 13, 14 e 33 — no Núcleo Nova Marabá — e São Félix são exemplos de regiões afetadas neste momento pela elevação do leito.

Repórter do Portal acompanhou vaivém de homens da prefeitura na construção do abrigo na Praça Paulo Marabá, na entrada da Marabá Pioneira, na noite de ontem

Força-tarefa pelos alagados

Equipes do Exército e dos Bombeiros Militar e Civil começaram a assistir as famílias atingidas pela enchente ao passar dos 10 metros. Na Marabá Pioneira, as pessoas desabrigadas estão sendo acomodadas pela prefeitura no galpão do antigo clube da Acrob, na feirinha do Bairro Santa Rosa e no Centro de Esporte e Lazer Paulo Marabá. Os locais já eram previstos no Plano de Contingência de Enchentes dos Rios Tocantins e Itacaiunas para 2021, elaborado pela Defesa Civil.

Diferentemente dos anos anteriores, o abrigo da Orla, na Colônia Z-30, não será utilizado. A razão? Quando as águas chegaram a 12,24 metros acima do nível normal em 18 de março passado, a estrutura de madeirite montada pela prefeitura no local foi tomada pela água, forçando nova mudança a 10 famílias.

Apesar disso, neste ano, ainda há quem mude para o espaço que, sabidamente, é propício de alagamento.

A Defesa Civil ainda contabiliza mais dois abrigos, sendo um no Bairro Belo Horizonte, no ginásio da Obra Kolping, com 35 famílias — foi o primeiro e já alcançou a lotação máxima —, e outro no Bom Planalto, com 16 famílias. Todo o suporte necessário, alega o órgão, está sendo dado ao abrigo construído na lateral da Unidade Básica de Saúde (UBS) João Batista Bezerra, na Santa Rosa.

Repórter do Portal Debate Carajás acompanhou, na noite desta quarta-feira, o vaivém de homens da prefeitura na construção do abrigo na Praça Paulo Marabá. A gestão municipal planeja entregar 60 abrigos prontos até o meio-dia desta quinta. Eles têm medida de 4×4.

Estão sendo utilizados para o transporte das famílias cinco caminhões do Exército, com previsão de contratação de mais cinco veículos. Além dos militares do Exército, estão sendo empregados no serviço de mudança mais 15 voluntários civis. A prefeitura já realizou mais de 100 mudanças desde o início da semana e prevê atender mais 60 famílias nesta quinta-feira.

De acordo com Jairo Milhomem, coordenador da Defesa Civil de Marabá, as famílias atendidas estão sendo levadas para os abrigos públicos e casas de parentes, seguindo o plano de contingência.

“Pedimos às famílias que se antecipem e que possam vir até a Defesa Civil solicitar o transporte para que não fique tudo em cima da hora. É importante se antecipar para que possamos planejar o atendimento. Outros abrigos serão construídos para o atendimento dessas famílias”, prometeu Milhomem.

Na última semana, com o rio a 8,40 metros, flagelados do Bairro Carajás II que mudaram para o ginásio da Obra Kolping relataram aoDebate Carajás que, ao procurarem a Defesa Civil, receberam a informação de que o órgão só poderia fazer mudanças quando o leito atingisse a cota de alerta, qual seja 10 metros acima do nível normal.

Neste registro, uma família do Bairro Santa Rosa ajustando barraco na Praça do Pescador, que é área de alagamento

Com a palavra, os vereadores

Na sessão legislativa de terça-feira (2), alguns vereadores — uma minoria — se manifestaram sobre o tema, direta ou indiretamente.

Vereador mais votado nas últimas eleições, Márcio do São Félix (PSDB), ao tocar no tema enchente — destacando a presença de um pequeno grupo exposto na Praça Paulo Marabá, na entrada do Núcleo Pioneiro pela Avenida Antônio Maia —, recebeu mais cinco minutos de tempo na tribuna do colega Fernando Henrique (PSC).

No discurso público, o vereador denunciou uma possível aversão do coordenador da Defesa Civil em repassar informações aos membros do Legislativo, bem como à Imprensa. “Ele não é o mais diplomático que nós conhecemos. Com todo respeito que tenho à pessoa do representante da Defesa Civil, nós temos que trabalhar de forma mais amistosa e mais equilibrada para darmos o melhor retorno à sociedade”, desejou.

Outro que tocou na assunto foi Franklandes Sousa Matos, o Frank do Jardim União (Solidariedade). O parlamentar, inclusive, foi responsável por ajudar 30 famílias abrigadas no ginásio da Obra Kolping logo nos primeiros indícios de enchente. “Eu fiz o que pude e com recursos próprios. Eu acredito que, a partir de agora, a prefeitura deverá tomar providências. Quanto à Defesa Civil, eu ainda não fui mal atendido pelo Jairo, que foi super atencioso comigo”, desagrava.

Ilker Moraes (MDB), por seu turno, teceu duras críticas ao poder público municipal pelo que classificou como falta de cuidado com as pessoas. “Eu vejo a prefeitura dizendo nas redes sociais que já abrigou mais de 120 famílias, mas o problema é que tem outras 100 para abrigar. A Prefeitura de Marabá precisa começar a cuidar das pessoas. Nós temos que olhar para o povo, e o povo precisa ser incluído no orçamento público. Precisamos comprar alimentação e construir abrigos para esse pessoal”, sublinhou o edil, em discurso marcado por momentos de ironia. Elza Miranda (PTB), Marcelo Alves (PT) e Ronaldo da 33 (Solidariedade) também se manifestaram.

Outros vereadores, como Miguelito (PDT), Vanda Américo (Cidadania), Ronisteu Araújo (PTB), Cabo Rodrigo (Republicanos), Tiago Koch (PSD), Eloi Ribeiro (Republicanos) e Coronel Araújo (MDB) dedicaram os minutos de fala a iniciativas pessoais. Nesse ínterim, até registro de presença de uma promotora de eventos, sem máscara, foi feito ao microfone.

Aerton Grande (Solidariedade), Beto Miranda (PSD), Dato do Ônibus (PSL) e Raimundinho do Comércio (PL) passaram a sessão acompanhando os discursos dos colegas. Cristina Mutran (MDB) faltou ao plenário.

Fonte: debatecarajas.com



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