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Sem cama e sem leite: as carências de um casal com duas filhinhas para criar

No futuro, a pequena Isadora talvez não saiba que nos dois primeiros meses de vida ela não teve um berço, e que dormia dentro de uma caixa de isopor forrada com panos. Foi essa imagem, feita pelo dono da quitinete em que a família dela mora, no Bairro Cidade Jardim, que circulou pelas redes sociais e casou comoção em algumas pessoas.

A Reportagem do Portal CORREIO DE CARAJÁS esteve na residência da família no final da manhã desta quinta-feira, 11, onde constatou este e outros fatos que causaram ainda mais compaixão por eles. Como não têm celular, o contato inicial foi com os donos da moradia, que falaram muito bem dos inquilinos, vivendo no local há dois meses e pagando o aluguel em dia.

Raimundo Nonato Vieira, o locatário, destacou que percebeu a carência da família desde o primeiro contato, quando o pai, Emerson Viana Pereira procurava um imóvel para alugar no bairro. Com isso, ele fez um desconto especial e ele paga apenas R$ 300,00. A quitinete tem apenas um quarto, cozinha americana e um banheiro. As paredes estão rebocadas, mas ainda não há pintura e nem cerâmica, apenas o chamado “piso morto”.

“Ficamos sensibilizados porque esse rapaz é humilde, trabalhador e as crianças estavam sem berço e dormindo no chão, num colchão de casal com os pais”, conta Vieira.

Numa tarde recente, Raimundo pediu autorização da mãe para fazer uma foto da criança enquanto ela dormia numa caixa de isopor (bastante surrada) durante a tarde, para tentar pedir a doação de um berço. A imagem causou piedade e em menos de uma semana chegaram à casa dois berços usados, um pouco de roupa e até uma televisão. “Fiquei muito feliz em poder contribuir. No meu trabalho, estamos numa campanha para arrecadar fraldas, mas eles têm outras carências básicas que podem ser supridas por outras pessoas”, diz ele.

Raimundo percebe, por exemplo, que as crianças precisam de uma alimentação mais balanceada e leite em pó, porque até mesmo o bebê, que não mama, usa leite industrializado.

Clarita e as filhas Ana Clara e Isadora: “Nosso colchão fica no chão porque não temos uma cama”/ Foto: Ulisses Pompeu

Clarita Silva Pereira, 19 anos, é natural da Bahia e encontrou Emerson Viana Pereira aqui em Marabá, há seis anos. Os dois resolveram morar juntos e foi aí que nasceu Ana Clara Viana Pereira, agora com um ano e dois meses, e mais recentemente a pequena Isadora, com dois meses. Moraram um tempo em outra quitinete, no Bairro Araguaia, mas como ele conseguiu um emprego de entregador de cimentos no Cidade Jardim, acabou precisando mudar de endereço. “Ele ganha R$ 900,00 por mês, pagamos R$ 300,00 de aluguel e o resto do dinheiro é para comprar comida. Não sobra nada”, conta ela.

A mãe conta que Isadora não quis mamar “por nada nesse mundo” e que por isso está dando leite em pó da marca CCGL. O pai compra o que pode, embora a saúde do bebê possa estar comprometida.

Ao ser questionada sobre a maior necessidade deles, Clarita responde de pronto: “Ah!, seu moço…é uma cama, mas não temos guarda-roupa e as nossas roupas ficam todas amontoadas ali”, aponta ela para um pequeno móvel de madeira, mas sem tampa.

Mas há outra necessidade urgente da família. Clarita, mesmo sem saber, precisa ser incluída no Programa de Planejamento Familiar em uma unidade básica de saúde para receberem orientação sobre prevenção de gravidez, para que o terceiro filho não chegue na mesma velocidade das duas últimas.

O caso da família chegou à coordenadora do Pernas de Pauta, um grupo de jornalistas que jogam futebol às quintas-feiras. Rapidamente, elas organizaram um “chá de fraldas” e, ao invés de cada uma pagar pelo uso do campo hoje à noite, a entrada será um pacote de fraldas descartáveis, que serão encaminhadas para a pequena Isadora. “O dono da Arena Clube da Bola soube da história e não cobrará pelo horário hoje. Ele também se sensibilizou com a história”, revela a coordenadora do Pernas de Pauta, Jéssika Ribeiro.

Quem quiser ajudar a família pode entrar em contato pelo fone 98133-4701 ou no endereço: Quadra 160, lote 02, Bairro Cidade Jardim. Falar com Raimundo. (Ulisses Pompeu)

Fonte: Correio de Carajás



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