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Sespa omissa com remédios

Quem faz hemodiálise e depende dos medicamentos fornecidos pela Sespa (Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará) para tratar a anemia, por exemplo, está tendo dificuldade em conseguir o remédio nos últimos meses. É o caso da senhora Maria José de Pinto, de 60 anos, que precisa tomar três injeções semanais de Hemax-Eritron sempre que faz o procedimento de limpeza e filtragem do sangue.

O drama de Maria José é também o de tantos outros pacientes que precisam de medicamentos caros e que o 11º Centro de Saúde da Sespa com sede em Marabá deve, por lei, fornecer. Carlos Araújo relata como sua mãe tem sido penalizada nos últimos meses porque a equipe responsável por esse serviço em Marabá tem sido omissa, segundo ele.

Carlos disse que de tanto acompanhar sua genitora acabou fazendo amizade com alguns profissionais do setor e passou a conhecer a rotina do órgão. Disse que como se trata de medicamentos especiais, apenas farmacêuticos podem fazer a entrega, depois que um médico autorizador dos processos dá seu aval.

“Eles não trabalham todos os dias. Vão quando querem e parece que não têm chefia, alguém que os cobre frequência no trabalho. Há apenas dois farmacêuticos e apenas uma trabalha, embora viaje muito não sei para onde. O outro tenta se dividir num entre Marabá e o Estado do Tocantins, onde também é concursado. Alguém precisa dar um basta nisso”, desabafou.

Outro drama

O Jornal CORREIO também passou em farmácias populares na Nova Marabá e em uma delas encontrou Maria José, onde ela costuma buscar seus remédios para hipertensão. Em entrevista, a senhora conta que, desde 2011, faz uso de medicamentos para hipertensão fornecidos gratuitamente pelas farmácias cidadãs e que eles nunca faltaram nessas drogarias, ao contrário da SESPA que, segundo ela, há três meses não consegue obter o Hemax-Eritron, nome comercial do medicamento Alfa Eritropoetina Humana, indicado para tratar a anemia em várias situações, pois toda vez que comparece à Secretaria, o remédio está em falta.

“Aqui na farmácia popular nunca faltou meu medicamento para hipertensão, mas falta o de anemia na Sespa. O Hemax é para o meu problema de anemia, por causa disso meu cabelo está todo quebrado. Às vezes, a gente vai à Sespa e não tem o remédio ou ninguém para atender. O pessoal [outros pacientes que precisam do medicamento] reclama. Sem contar a viagem de ônibus, ter de subir e descer rua. A gente vai, vai e cansa de ir”, disse Maria.

A falta de remédios para doenças graves em unidades de farmácias populares vem sendo noticiada na imprensa nacional. Por essa razão, a Reportagem foi checar a situação em Marabá. O gerente e farmacêutico da Farmácia Popular da Folha 31, Pedro Brandão, não se encontrava no local, mas informou, por telefone, nesta segunda (12), que alguns medicamentos estão realmente em falta, mas não disponibilizou a lista para divulgação. Apesar disso, alegou que os motivos da ausência dos remédios podem ter a ver com fornecedor.

O fornecimento interrompido de medicação pode gerar uma série de prejuízos à saúde das pessoas que fazem uso de remédios para tratar doenças graves. Ao Correio, o nefrologista Thiago Barros conta que seus pacientes que fazem hemodiálise utilizam o Hemax-Eritron normalmente e que um dos motivos da pausa no fornecimento pode ser devido à falta de um componente da fórmula.

“O rim é responsável por controlar a anemia, porque quem produz o sangue é a medula óssea, mas quem manda produzir sangue é o rim, através de uma enzina chamada Eritropoetina. Os pacientes renais crônicos acabam ficando anêmicos no geral e essa substância é importante para estimular a medula a produzir sangue. A anemia aumenta o risco de mortalidade, piora a qualidade de vida e tem sintomas como fraqueza, por exemplo. A falta da medicação [Hemax-Eritron] faz com que haja a anemia”, explicou o médico especialista Thiago Barroso.

Nota meia sola

Procurada pela Reportagem do CORREIO, a Sespa se pronunciou sobre o grave problema através de uma nota lacônica: “Esse medicamento está com estoque regular na Sespa. Precisaria de informações mais detalhadas como nome da paciente e cartão SUS para poder verificar o atendimento, pois os pacientes necessitam ser cadastrados para poder receber o remédio”.

Fonte: CT ONLINE (Jackeline Chagas)



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