Entre 1.150 mil medalhistas de ouro de todo o Brasil, três alunos com autismo levaram a medalha de ouro para casa na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP). Eles foram os únicos com o espectro a conquistar o pódio.
Os nomes dos estudantes premiados pelo excelente desempenho são Mariana Warmling,14, Nykolas Carvalho,14, e Tiago Yukio Palomino, 18. Os medalhistas ganham o direito de participar do Programa de Iniciação Científica Jr., com aulas avançadas de matemática e bolsa de R$ 300 mensais do CNPQ.
Com a recém-honraria conquistada, Mariana espera incentivar os professores de sua escola no desenvolvimento de métodos de aprendizagem que ajudem ela e outros estudantes neuroatípicos a absorverem os conteúdos de forma mais didática.
“Eu sempre fui boa em matemática porque acho mais fácil de entender. Por conta do autismo, eu tenho dificuldade em português. Tirinhas de humor e expressões como ‘colocar o pé na jaca’ eu não entendo. E nessas horas as minhas professoras sentam do meu lado e me explicam de um jeito mais literal. Elas também me ajudam a me concentrar em momentos de barulho, que me incomodam muito”, comentou a gaúcha, de Jaraguá do Sul, que está no 9º ano do ensino fundamental em entrevista ao jornal O Globo.
O ministro da Educação, Camilo Santana, esteve na cerimônia que, aconteceu na última semana em Florianópolis (SC). Na ocasião, além de parabenizar os ganhadores, ele disse que o MEC vai investir na inclusão educacional de pessoas com deficiência, negros, indígenas e quilombolas com a reestruturação da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi).
“Retomamos a Secadi, onde vai ser trabalhada a questão da equidade e inclusão de pessoas com deficiências. Estamos dialogando com a comunidade negra, indígena e quilombola também, porque hoje existe uma desigualdade muito grande, que resulta nas desigualdades na educação”, afirmou o ministro. A cerimônia aconteceu na segunda- feira, 5, em Florianópolis, capital do estado de Santa Catarina (SC), na região Sul.
Após ser extinta na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, a secretaria está sendo reestruturada pelo atual governo. Na ocasião da premiação dos alunos, o ministro da Educação também anunciou a reconstrução do Fórum Nacional de Educação, paralisado em 2016.
A Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas disponibiliza provas em braile para deficientes visuais, auxílio de tradutor de libras para surdos e suporte para cadeirantes, além de estimular a participação de alunos com autismo. As provas são aplicadas pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada. No ano passado, 674 estudantes com algum tipo de deficiência participaram da segunda fase da competição.