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Usuários reclamam da qualidade da Água distribuída pela Cosanpa em Marabá

Nesta quarta-feira (22) é comemorado o Dia Mundial da Água. Para marcar a data, o CORREIO coloca em pauta as dificuldades enfrentadas pelos consumidores marabaenses para ter acesso a um dos recursos naturais mais escassos no mundo nos dias de hoje. Situações como falta do produto, insalubridade e planos de economia da água serão tratados em uma série de matérias ao longo das próximas edições do Jornal, com o objetivo de informar aos seus leitores e à população em geral a quantas anda o sistema de abastecimento, captação e distribuição no município.

Neste primeiro momento, o Jornal retrata os problemas enfrentados por consumidores que usam a água oferecida pela Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa), mostrando a qualidade do líquido que chega até as casas e contando suas histórias como usuários do serviço. É comum encontrar moradores de vários bairros da cidade que reclamam da qualidade da água que chega às torneiras, principalmente, no período do inverno amazônico, que vai de dezembro até o final de março.

De acordo com moradores de várias partes da cidade, visitados pela reportagem, o líquido que chega às torneiras é impróprio para o consumo, e muitos têm que recorrer a alternativas às vezes dispendiosas para realizar os afazeres domésticos. Maria das Graças, de 64 anos, que mora no residencial Itacaiunas, localizado no Bairro Francisco Coelho, mais conhecido como Cabelo Seco, afirmou que já aprendeu a conviver com a situação.

Turva

Ela ganha a vida lavando roupas, mas tem enfrentado problemas para exercer a atividade devido à turbidez da água que precisa de vários enxagues até que as peças fiquem limpas. Segundo ela, quando a água está muito escura, a única solução é lavar a roupa na casa do cliente. “Eu lavo na casa dos deles, mas a minha lavo em casa mesmo. Não é de hoje que a água está vindo barrenta, só de vez em quando ela vem limpa”, afirmou.

Para beber e cozinhar, Maria usa um carrinho de mão e várias garrafas pet para pegar água no chafariz que tem no posto de saúde Demósthenes Ayres Azevedo, porque considera a água de lá mais limpa do que a fornecida pela Cosanpa. Thaís Neves, também moradora no mesmo residencial, comparou a água que chega até o local com suco de tamarindo, devido à característica escura do líquido.

“Hoje, até que está mais ou menos. Mas, tem dia que parece um suco de tamarindo”, observou, dizendo que quando precisa de água para o consumo dela e da família ou para cozinhar, também recorre ao chafariz do posto de saúde.

Alternativa

Já o borracheiro Deusdete Costa nunca fez uso da água da Cosanpa. Ele, que mora ao lado da estação de distribuição da companhia no Bairro Laranjeiras, revelou que por opção preferiu abrir um poço artesiano para não depender mais da distribuição feita pela companhia.

“Sou do tempo em que se puxava água do poço no balde, usando a força do braço. Hoje eu uso a bomba. A água da Cosanpa não é limpa, não é de confiança, e às vezes falta. Vejo os vizinhos no sufoco quando isso acontece”, destacou.

Cosanpa aponta cerca de 10 mil ligações clandestinas

Em entrevista ao CORREIO, Ângela Rayol, engenheira sanitarista e coordenadora operacional da Cosanpa em Marabá, disse que a água do Rio Tocantins é responsável pelo abastecimento da cidade. Ela explica que o tratamento da água é feito de acordo com as determinações do Ministério da Saúde, seguindo as seguintes etapas: decantação, floculação, filtração e desfecção. “Os produtos químicos utilizados para a potabilidade da água são adicionados ao longo do processo”, esclarece.

Segundo ela, hoje o município conta com cinco caixas d’água de distribuição, sendo que duas estão localizadas na Folha 29, no núcleo Nova Marabá, uma no Bairro Novo Horizonte, uma no Laranjeiras e outra na Marabá Pioneira, que está desativada.

“Essa estação é muita antiga e já está deficiente. O processo de tratamento dela já está deteriorado. Estamos aguardando o governo liberar recurso para que seja implantado um sistema melhor para o bairro”, informou, completando que a Nova Marabá é o bairro que mais consome água.

Sobre a cor mais escura da água que chega às residências durante o período do inverno amazônico, como reclamam vários usuários ouvidos pelo CORREIO, Ângela disse que existem dois fatores para que isso aconteça: a falta de adição de produto químico ou o uso excessivo dele. “Quando ela está amarela, não significa que está contaminada. Às vezes, não foi possível tirar toda a turbidez com os produtos que usamos. Quando ela com cloro está limpa. A turbidez, identificada pela cor, é uma questão de estética”, alegou.

Ela disse também que a empresa atende 22 mil consumidores, e que pelo menos 50% deles estão inadimplentes. “Não temos dados exatos, mas estimamos cerca de 10 mil ligações clandestinas”, destacou. Ao informar que a rede de distribuição está em expansão, Ângela revelou que a Cosanpa ainda não tem projeto de uso e manutenção para esse serviço.

Saiba Mais – No ano passado, um estudo divulgado pelo Instituto Trata Brasil várias empresas todo o país classificou a Cosanpa (Companhia de Saneamento do Pará) como a pior empresa estatal do ramo, sendo reprovada em todos os aspectos. A pesquisa foi feita com base no abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto, investimentos e perdas.

(Nathália Viegas e Larissa Rocha)

 

FOTO: Breno Pompeu/Banzeiro Comunicação

Fonte: CT ONLINE



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